quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Eduardo como líder do PSL? Vamos assistir ao pastelão


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O negócio é garantir a pipoca e assistir à implosão do PSL, deflagrada pelo próprio Bolsonaro. Sim, é preciso curtir um pouco o gênero pastelão e torta-na-cara. Mas assim são eles. 

A bancada do PSL conta com 53 deputados. Nesta quarta, surgiu uma lista com 27 assinaturas pedindo a substituição da liderança do partido. Delegado Waldir (GO) seria trocado por, ora vejam!, Eduardo Bolsonaro (SP), o Zero Três, que também é candidato à embaixada do Brasil em Washington. É impressionante! Eles se consideram mesmo uma casta aristocrática.

Quem comandou o movimento de deposição de Waldir? Ninguém menos do que o próprio presidente da República. Eduardo deu entrevista já como novo líder, antes mesmo de a nova posição ser sacramentada pela Presidência da Câmara. Estava ao lado do Major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Casa. O Zero Três, justo quem!!!, afirmou que "não se pode fazer política com o fígado". 

Pastelão, afinal, é sempre uma comédia, certo?

Depois da lista dos 27, apareceu uma segunda, aí com 32 nomes. Esta, também protocolada, pede a permanência de Waldir. Juntas, somam 59. Há gente sobrando aí, que pode ter assinado as duas. Na sequência, uma terceira, também com 27, pró-Eduardo… Nesta quinta, talvez a coisa se resolva. 

É bom não esquecer  por que brigam os bárbaros. Não os separam a moralidade, os valores, o (des)apreço pela democracia, o reacionarismo, a truculência, o desprezo pelos direitos humanos, o repúdio à divergência, o ódio à diversidade… Nisso tudo, os 53 poderiam fazer arma com a mão ou andar com uma de verdade na cintura.

Então é o quê? 

Resposta: grana! 

É claro que Bolsonaro pai não quer sair do partido. Ele se mobilizou para dar um golpe, tentando arrancar a sigla das mãos do deputado Luciano Bivar (PE), presidente. O PSL é hoje a legenda mais endinheirada.

Por uma daquelas coincidências que só acontecem na Coreia do Norte, Bolsonaro jogou Bivar às cobras, e a Polícia Federal bateu à sua porta três dias depois com mandado de busca e apreensão. Em investigação, o uso de candidatas-laranja em sua campanha em Pernambuco. 

A ala bolsonarista do partido quer usar o caso como pretexto para destituí-lo do comando. Se alguém ainda tinha alguma dúvida, está dirimida pelo esforço para fazer de Eduardo o líder do partido na Câmara.

A alternativa seria Bolsonaro e sua tropa — hoje, mais ou menos metade da bancada na Câmara — migrarem para outra legenda. Ocorre que, nas condições atuais, isso implicaria a perda dos mandatos parlamentares. 

Ainda que a ala pró-Bolsonaro tenha mesmo os 27 parlamentares, isso significa que 26 não assinaram a lista. Vale dizer: a crise continua. 

Um desfecho positivo para Bolsonaro e família seria a PF e o Ministério Público fazerem carne moída de Bivar. Isso pode, no entanto, despertar na vítima e no que lhe restar de aliados a disposição de trazer à luz os subterrâneos da campanha vitoriosa do "Mito" à Presidência.

Quando, em sua cantilena golpista, o general Villas Bôas fala em recuperação da autoestima, não deve estar pensando em Bolsonaro, no PSL e em seus patriotas…

Por Reinaldo Azevedo

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