Deflagrada em 15 de abril, a greve de professores e servidores de universidades federais, institutos e centros federais de educação faz aniversário de dois meses nesta semana. Na origem, Lula atiçou os grevistas. Nesta segunda-feira, discursando para reitores no Planalto, encareceu que voltem ao trabalho.
Na gênese do movimento, quando seus ministros tentavam convencer os servidores de que só haveria verba para reajuste salarial em 2025, Lula acomodou-se, por assim dizer, do outro lado do balcão: "Não tenho moral para falar contra greve", declarou. "Nasci das greves."
Com atraso, Lula se deu conta de que está acomodado no trono de presidente da República, não na cadeira de chefe de sindicato em São Bernardo. "No Brasil está cheio de dirigente sindical que é corajoso para decretar uma greve, mas não tem coragem de acabar com a greve", queixou-se.
Ironicamente, o sindicalismo universitário, simpático ao petismo, não cruzou os braços sob Bolsonaro. Não houve greve nem mesmo quando Paulo Guedes, então czar da Economia, disse a célebre frase que precedeu o congelamento dos contracheques do funcionalismo: "Nós já botamos a granada no bolso do inimigo".
Nesta segunda, do lado de fora do Planalto, grevistas protestavam, exigindo que o próprio Lula assuma as negociações. Dentro do prédio, o presidente recordou que, em passado remoto, já liderou greves na base do "tudo ou nada". Por vezes, ficou com "nada". Isso aconteceu quando a greve se prolongou em demasia e morreu por inanição.
Lula criticou a duração da greve nas universidades e institutos federais. A certa altura, foi ao ponto: Quem perde não é o governo nem o presidente, declarou. Perdem o Brasil e, sobretudo, os alunos que estão sem aula há quase 60 dias. Nesse contexto, cabe a Lula usar sua experiência sindical para abreviar o suplício, não para confundir o enredo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário