Os sábios da banda religiosa do Congresso imaginam que falam com Deus. Deveriam trocar a oração pela meditação, para tentar escutar Deus. Pesquisa do Datafolha revela que 66% dos brasileiros são contrários ao projeto de lei que classifica como assassinas as mulheres e crianças estupradas que realizarem após a 22ª semana de gravidez o aborto previsto em lei.
A pesquisa ajuda a explicar por que parte da sociedade fez um risco no asfalto e nas redes sociais. A revolta contra a proposta do deputado-pastor Sóstenes Cavalcanti traçou uma fronteira entre o conservadorismo e o fundamentalismo. Foi como se os brasileiros informassem que, para a Idade Média, não adianta empurrar que o país não vai.
Mesmo entre os evangélicos, a maioria (57%) se opõe ao projeto antiaborto. Imaginando-se porta-voz do seu rebanho, a CNBB apoiou a proposta. Mas quase sete em cada dez católicos (68%) rejeitam a ideia de impor violências adicionais a mulheres e meninas que passaram pelo suplício de um estupro.
O aborto é crime no Brasil, exceto em três circunstâncias: risco de morte da gestante, fetos anencéfalos e estupro. Nessa matéria, quem defende a criminalização do que foi descriminalizado pede a Deus não que seja feita a Sua vontade, mas que aprove a vontade deles. O Datafolha mostra a Arthur Lira e seus apóstolos que Deus existe, mas está em outra trincheira.
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