terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Negociação avança e Davi Alcolumbre deve assumir ministério no governo



Tudo indica que Davi Alcolumbre (DEM-AP) deixará o Senado para assumir algum ministério no governo de Jair Bolsonaro. O atual presidente do Senado passou parte da tarde desta segunda-feira, 28, em reunião por videoconferência com o presidente da República — esses encontros se tornaram cada vez mais frequentes nas últimas semanas. Segundo fontes próximas a Alcolumbre, o presidente Bolsonaro entregou a ele um convite para assumir um ministério a partir de 2021. As possibilidades, por ora, são o Ministério do Desenvolvimento Regional (encabeçado por Rogério Marinho), o Ministério de Minas e Energia (comandado por Bento Albuquerque) e a Secretaria do Governo (Luiz Eduardo Ramos). Por último, o Ministério da Saúde, principal pasta no combate à pandemia do novo coronavírus e alvo de diversas polêmicas ao longo de 2020, também surge como opção.

Ainda não há clareza de qual será o movimento de Alcolumbre, mas ele está tentado a aceitar a nova posição. O senador teria deixado nas entrelinhas uma predileção para assumir a pasta comandada por Rogério Marinho, que conta com força para promover projetos econômicos e dar vazão a projetos de parlamentares, o que lhe daria mais cacife para conseguir eleger um sucessor na presidência do Senado. No entanto, há dentro do governo o reconhecimento de que o ex-deputado Marinho tem cumprido a sua função no cargo e guarda certo prestígio junto a Bolsonaro, embora tenha se envolvido em disputas com o ministro da Economia, Paulo Guedes, um dos alicerces da gestão do capitão reformado. “Até a prorrogação da Lei Aldir Blanc Davi iria tratar”, diz uma fonte próxima ao presidente do Senado, sobre a reunião entre Alcolumbre e Bolsonaro. “Esses ministérios citados estão no radar, mas pode mudar. Nada certo…”, reitera. A aproximação entre os dois se intensificou após o Supremo Tribunal Federal (STF) negar a possibilidade de reeleição de Alcolumbre na presidência do Senado. Há de se destacar que ambos sempre mantiveram um clima amistoso e de o senador ser considerado alguém que fala a língua da política que agrada Bolsonaro.

A ideia do governo é usar o trânsito político de Alcolumbre para a aprovação das reformas estruturantes que consideram terem sido “interditadas” pelo Congresso em 2020, apesar dos partidos aliados do governo também terem travado a pauta de votações em muitos momentos. Bolsonaro quer, como contrapartida, do senador formar uma candidatura única para a sua sucessão na casa. Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, é um nome que agrada a Bolsonaro. Há quem avalie a estratégia como um movimento de defesa do presidente da República, que teria o intuito de blindar eventuais processos que seu filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) possa sofrer.

Alcolumbre atua na política desde 2001, após ser eleito vereador no Amapá. Logo, ascendeu ao cargo de deputado federal e, desde 2015, é senador pelo estado amapaense. Tem curso superior incompleto na área de Ciências Econômicas pelo CEAP (Centro de Ensino Superior do Amapá). Foi incumbido de representar o Senado na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças do Clima (COP-23), em 2017, na Alemanha, e participou, dentre outras coisas, dos eventos promovidos pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Nova York e Washington, em 2019.

Na Veja

Um comentário:

AHT disse...

O Brasil não precisa de salvadores da pátria, precisa de Servidores da Pátria!

A esperteza política consegue ludibriar a opinião pública e empurra com a barriga as crises e déficits para o amanhã, com a infundada expectativa que no depois do amanhã os problemas serão equacionados e, “se tudo der certo”, será iniciado um ciclo virtuoso e duradouro.

A opinião pública é volúvel. Bolsonaro sabe disso. Sete mandatos na Câmara Federal foram suficientes para ele aprender a jogar e manipular opiniões. Eleito presidente, continuará jogando e manipulando até o ponto em que os seus próprios erros versus acertos dos oponentes deem um basta a ele e aos seus aliados. Isso ocorrendo, então a volúvel opinião pública estará disponível e disposta a apoiar o próximo candidato que aparentar ser o verdadeiro e tão esperado salvador da pátria.

Mesmo sem considerar a terrível crise causada pela pandemia Covid-19, para o Brasil a década que termina em 2020 já seria a pior em 120 anos. Portanto, continuar empurrando com a barriga e, para a volúvel opinião pública, alimentar a falsa esperança que o amanhã será melhor, mas sem enfatizar que apenas estão protelando a chegada do país à praia, onde, prostrado, tornará ainda mais dependente das antagônicas potências mundiais e algumas grandes nações. Enfim, a sua soberania já não lhes pertencerá mais.

Se continuadamente faltar grandeza e sobrar esperteza aos seus governantes, qualquer país correrá o risco de morrer na praia.


AHT
29/12/2020