quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Contra vacinas, Bolsonaro vira um efeito colateral



Pode-se acusar Jair Bolsonaro de tudo, menos de incoerência. O presidente é tão nocivo hoje quanto há dois anos, quando tomou posse. Enquanto outros chefes de estado correm para imunizar os habitantes dos seus países contra a Covid-19, o presidente brasileiro se esforça para dificultar a aplicação de vacinas que seu governo não se equipou para oferecer.

É impossível ouvir as conversas de Bolsonaro com seus devotos na portaria do Alvorada sem tropeçar numa esquisitice. A penúltima do Bolsonaro é a ideia de obrigar os brasileiros que quiserem tomar vacina a assinar um termo de responsabilidade, isentando o estado de culpa por eventuais efeitos colaterais.

"Tem gente que quer tomar, então toma", disse Bolsonaro aos súditos. "A responsabilidade é tua. Se tiver algum problema aí..." A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, existe para assegurar a qualidade dos medicamentos que seus técnicos liberam, inclusive os imunizantes.

Quem assina termo de responsabilidade é cobaia em fase de testes. Os maricas que irão ao posto de saúde para se livrar do vírus esperam receber como contrapartida do dinheiro que investem na folha da Anvisa vacinas seguras e eficazes.

Bolsonaro sabe que sua ideia, por absurda, não vai prosperar. Se passasse pelo Congresso, cairia no Supremo Tribunal Federal. Mas o presidente tem um modo sui generis de presidir. Ele imagina que a melhor maneira de se livrar de uma crise —a falta de imunizantes— é criando outra crise —a desqualificação das vacinas.

Bolsonaro mantém a sua coerência. Em agosto, defendeu a liberdade de não se vacinar. Em outubro, disse que vacina obrigatória era coisa só para o Faísca, cachorro da família Bolsonaro. Em novembro, celebrou como vitória pessoal a morte de um voluntário dos testes conduzidos pelo Butantan. Era suicídio. Nada a ver com a vacina.

Agora, o presidente finge que o problema das vacinas não é seu. Demora a perceber que essa atitude é o principal problema. Sem vacinas, Bolsonaro tende a virar o próprio efeito colateral.

Por Josias de Souza

Um comentário:

AHT disse...

Enquanto a vacina não vem, tirar um barato com O Cara e rir igual ao Mutley é o melhor remédio!


GOVERNO SEM MÁSCARA


Ganhou a eleição, só curtindo, deitando e rolando:
Outros são pagos para assumir seus erros e gafes.
Valente encara gripes, pandemias e o que vier:
Está sempre com uma equipe médica e seguranças
Rápidos no gatilho, atentos 24 horas por dia e
Nos 365 dias do ano. Ele não dá mole pra morte!
O povo? “Muitos covardes, maricas...” – diz ele.

Sem máscara quando deveria estar, carteia marra:
Enfrenta o vírus comunista com macheza e destemor,
Mas em família deve tremer de medo se alguém tosse.

Mas quantos absurdos. Não acredito! – dirão alguns.
Ágil em desconversar, embromar e se safar: ele é.
Seus ministros já sabem que não podem contraria-lo,
Contribuindo assim para que continue tosco, prosa e
Arrotando tontices, gafes e causando conflitos – mas,
Reconhecem e testemunham: “O presidente não é
Aquele cara mascarado que muitos julgam que seja”
.


AHT
16/12/2020