O governador Renato Casagrande, do Espírito Santo, antevê problemas para Jair Bolsonaro se o brasileiro não for imunizado adequadamente contra a covid-19. "O governo do presidente Bolsonaro acabará mais cedo se o Ministério da Saúde não comprar todas as vacinas contra a covid-19 disponíveis e aprovadas pela Anvisa."
Casagrande participa nesta terça-feira, por videoconferência, de reunião dos governadores com o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde. Em conversa com a coluna, revelou sua expectativa. "Sinceramente, o que todos os estados esperam é que o ministro anuncie a determinação de comprar todas as vacinas que forem aprovadas pela Anvisa."
"Sei que o presidente Bolsonaro não se preocupa muito com isso", declarou Casagrande. "Mas estou falando politicamente, abstraindo o aspecto sanitário. Ficará muito ruim para o governo federal se São Paulo vacinar sua população antes dos outros estados. Não ficará bem para o presidente se os estados tiverem que comprar vacina para iniciar a vacinação sem uma coordenação federal."
Casagrande prosseguiu: "Não podemos conviver com a perspectiva de iniciar a vacinação com três ou quatro meses de atraso. Vão morrer 700, 800 pessoas por dia. O contágio está aumentando. Logo chegaremos novamente ao patamar de mais de mil mortes diárias. Se Bolsonaro comprar as vacinas que ajudarão a salvar vidas e a recuperar a economia brasileira, ele ganha um fôlego em 2021. Do contrário estará politicamente derrotado."
Casagrande lembrou do fiasco que resultou de um encontro que Pazuello manteve com os governadores há um mês e meio. "O ministro anunciou na reunião passada a intenção de adquirir as vacinas disponíveis. Mas o Bolsonaro o desautorizou." O presidente mandou revogar acordo da pasta da Saúde com o Instituto Butantan. Previa a aquisição de 46 milhões de doses da coronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac, a ser fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan.
Casagrande disse esperar que o governo adquira também outras vacinas. Mencionou o imunizante do laboratório Pfizer, que começa a ser aplicado nesta terça-feira no Reino Unido. Na semana passada, o Ministério da Saúde descartara essa vacina, que precisa ser armazenada a uma temperatura baixíssima: 75 graus abaixo de zero. Alegou-se que não haveria no SUS equipamento de refrigeração adequado.
Curiosamente, a pasta da Saúde informou na noite passada que está na bica de firmar com a Pfizer um contrato para a aquisição de 70 milhões de doses. "A Pfizer já esclareceu que entrega a vacina nos pontos de vacinação com a temperatura adequada", afirmou Casagrande. "Pode não entregar nos pontos mais remotos do país. Mas nas regiões metropolitanas a vacina pode, sim, ser aplicada."
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