quinta-feira, 27 de julho de 2023

Tarcísio dá uma de malandro e protagoniza um lance de otário



Nascido no Rio de Janeiro, Tarcísio de Freitas esforçou-se durante a campanha para parecer um paulista. Acabou metido numa patranha que o fez esquecer uma máxima da malandragem carioca: malandro que é malandro não se mete em lance de otário.

Para afagar a população feminina, Tarcísio trocou, por assim dizer, o sexo de um dos órgãos do governo de São Paulo. Decreto editado em janeiro rebatizou a Secretaria de Logística e Transportes, que passou a se chamar Secretaria de Políticas para a Mulher.

Decorridos sete meses, a realidade promove uma mudança na identidade de Tarcísio. Ele se vendia como um administrador técnico. Enveredou pelo ramo da politicagem mequetrefe. Verifica-se que 99% do orçamento da hipotética secretaria das mulheres estão reservados para obras de logística e transportes.

O descalabro vira escárnio quando se constata que a única atividade social da suposta secretaria de mulheres —um projeto de educação sobre direitos humanos e cidadania— recebeu a esdrúxula dotação de R$ 10. É um acinte dentro do descalabro.

Na terça-feira, num evento público em São Paulo, Bolsonaro disse que trairia naquela noite Valdemar Costa Neto, o dono do seu partido, pois passaria a noite com Tarcísio. De fato, o capitão inelegível pernoitou no Palácio dos Bandeirantes. A proximidade com o criador embaça a vista da criatura. Tarcísio como que adquire por contágio traços do bolsonarismo. Entre eles a misoginia.

Com sorte, o governador talvez perceba que, no lance da secretaria das mulheres, comprovou uma velha tese de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, come o dono. Malandro de segunda mão, Tarcísio meteu-se numa marquetagem de otário. O majoritário eleitorado feminino pode fazer muita coisa por um governante, exceto papel de idiota.

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