sábado, 29 de julho de 2023

Com movimento milionário, Cid gabaritou no teste de perversão



Pessoas destemidas preferem se arrepender do que experimentaram do que não experimentar, exceto, é claro, queda de avião, ensopado de jiló e tudo o que dá cadeia. Alheio aos riscos, o tenente-coronel Mauro Cid gabaritou no teste de perversão ao bater continência para as conveniências de Bolsonaro.

Na penúltima revelação pendurada nas manchetes, o Coaf apresenta Cid como um suspeito de lavagem de dinheiro com movimentação bancária milionária, atípica e incompatível. Entre ingressos em e saídas, coisa de R$ 3,2 milhões em seis meses —de julho de 2022 a janeiro de 2023.

Sozinha, a cifra já seria esdrúxula, pois destoa do contracheque mensal de R$ 26 mil que Cid recebe do Exército. Porém, há mais. Muito mais. Quem percorre o gabarito do coronel esbarra no pagamento dos confortos de Michelle, falsificação dos cartões de vacina do capitão e de sua filha, tentativa de reaver joias sauditas na carteirada, conversas vadias sobre golpe e guarda de documento apócrifo com declaração de estado de sítio.

Se o desapreço de Mauro Cid por sua própria biografia serve para alguma coisa é para demonstrar que não se deve confundir um certo militar com um militar certo. Ao gabaritar na ajudância de ordens da Presidência, Cid confundiu farda com impunidade, presidente com divindade, burrice com lealdade, pose com dignidade, mão grande com agilidade, bagunça com atividade. Nada disso rima com impunidade.

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