segunda-feira, 31 de julho de 2023

Filho mantém pai em cárcere privado para evitar pagamento de pensão alimentícia



Um caso de suposto cárcere privado e não pagamento de pensão alimentícia fez com que o senhor Marcos Evangelista e sua mãe Bebiana de Abadia Guarim Evangelista fizessem um protesto na manhã de sexta-feira (28) na Avenida Rubens de Mendonça, onde portando uma faixa cobravam que o senhor Marcelo Lincoln Evangelista libertasse o seu pai e pagasse uma pensão alimentícia.

Em conversa com a equipe do Notícia Max, Marcos explicou que o caso é complexo. Ele conta que seu irmão Marcelo Lincoln estaria mantendo o pai Samuel Evangelista em cárcere privado, supostamente para não pagamento de uma pensão alimentícia, que serviria para pagamento de um cuidador já que os irmãos não querem ajudar a cuidar do pai.

O advogado de Marcos, o doutor Jairo da Luz Silva, esclarece que Marcelo Lincoln estaria mantendo o pai em cárcere privado para dizer que cuida dele. Assim, não precisaria pagar a pensão. O caso já foi repassado à Polícia Militar e a Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa, mas nenhuma providência foi tomada. Ele ainda ressalta que seu cliente Marcos Evangelista é curador judicial de Samuel, portanto, é o responsável legal pelos cuidados do pai. Esclareceu ainda que a esposa do interditado está lúcida e tem direito de conviver com ele na mesma casa e assisti-lo, segundo as regras do casamento.

“No final de semana passada, a PM e a Polícia Civil não quiseram pegar o pai interditado na casa do filho e nora, apesar de mostrar o termo de curatela aos policiais. A Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa também tomou conhecimento do fato e não quis fazer nada”, cita o causídico, lembrando que o senhor Samuel, depois de um AVC, desenvolveu o quadro de demência e é interditado pela Justiça.

O advogado diz ainda que sua cliente recebeu a informação de uma testemunha que o interditado estaria sendo maltratado pela nora, Sandra Pereira dos Santos. Além disso, ele afirma que a própria sogra viu a nora maltratar o esposo doente mental.

“Uma testemunha denunciou os maus tratos praticado pela nora Sandra. Inclusive, após o acionamento da Polícia, ela entrou com um processo de medida protetiva contra a sogra, com base na Lei Maria da Penha, para que não se aproxime dela (e consequentemente Bebiana não se aproxime do esposo interditado - eles são casados há 53 anos). Estranhamente, nesse processo, a nora desistiu de apurar qualquer suposto crime praticado pela sogra contra ela e havia, ‘na cena do crime’, seis testemunhas (dentre elas quatro policiais militares) que não foram ouvidas no processo. Assim, a medida protetiva tem o objetivo de, apenas, afastar a sogra do convívio com o sogro interditado”, afirma o advogado.

Com mais de vinte anos de profissão, o advogado diz estar achando tudo muito estranho, inclusive, a indiferença das autoridades em investigar o caso. “Com o impacto da intimação da mediada protetiva, Bebiana passou mal e foi parar no hospital”, conta o advogado.

Já Marcos Evangelista diz que houve uma audiência de conciliação entre as partes no mês de maio, mas não houve acordo, e que seu irmão com o pretexto de passear e descansar os familiares com o cuidado do pai acabou por mantê-lo preso, sendo que isso já faz mais de 31 dias. O conflito piorou depois que curador judicial enviou um telegrama notificando o irmão a devolver o pai para os seus cuidados. Não cumprindo a notificação, Bebiana foi à casa do filho pegar o esposo interditado.

“Ele está retendo meu pai na casa, resumindo, para não pagar a pensão, não pode separar o casal. São 53 anos de casamento dos meus pais. Minha mãe já tem mais de 10 dias sem dormir. Já procurei todos os órgãos, por isso, estamos fazendo esse protesto”, afirma.

A reportagem tentou insistentemente contato com o senhor Marcelo Lincoln, mas até a publicação da matéria não houve retorno. O espaço segue aberto para futura manifestação

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