quinta-feira, 20 de julho de 2023

Agressores de Moraes são tratados com padrão do 8/1



Num país em que a Justiça tarda e nem sempre chega, o inquérito sobre a agressão sofrida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes corre com rara rapidez. Os fatos sob investigação ocorreram na última sexta-feira. Num intervalo de apenas cinco dias, Moraes formalizou uma representação, a Polícia Federal abriu inquérito, o Ministério da Justiça requisitou imagens captadas pelas câmeras do aeroporto de Roma, a Procuradoria-Geral da República avalizou pedido de busca e apreensão nos endereços dos acusados, a presidente do Supremo Rosa Weber ordenou a batida policial e a perícia iniciou a análise de celulares e computadores apreendidos.

Deve-se o ritmo de toque de caixa ao desejo do aparato repressor do Estado de submeter os acusados —o casal Roberto Mantovani Filho, sua mulher Andréia Munarão e o genro deles, Alex Zanatta— a uma punição exemplar. Na prática, o caso é tratado com o mesmo rigor aplicado contra os encrencados no quebra-quebra de 8 de janeiro. Alega-se que o tratamento draconiano é necessário para desestimular novos casos de hostilidade de simpatizantes de Bolsonaro contra autoridades que o ex-presidente acusa de persegui-lo por razões políticas.

Em postagem nas redes sociais, o ministro Flávio Dino (Justiça), superior hierárquico da Polícia Federal, defendeu a legalidade das apreensões de equipamentos eletrônicos dos suspeitos. Escorou a ação nos indícios que saltam do episódio. "Tais indícios são adensados pela multiplicidade de versões ofertadas pelos investigados", anotou Dino. "Sobre a proporcionalidade da medida, sublinho que passou da hora de naturalizar absurdos".

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