sábado, 22 de maio de 2021

Articulação para 2022 inicia no território da farsa



A campanha presidencial de 2022 começa de um jeito esquisito. Dias atrás, numa entrevista, Ciro Gomes escolheu Lula, de quem foi ministro, como adversário preferencial. "Eu vou pra cima dele", declarou Ciro, referindo-se a Lula como "o maior corruptor da história brasileira."

No cenário traçado por Ciro, agora orientado pelo ex-marqueteiro do PT João Santana, a candidatura de Bolsonaro vai derreter em meio à pandemia, abrindo espaço para que ele se apresente como principal adversário do ex-aliado Lula.

Num instante em que o governador tucano João Doria tenta se apresentar como uma opção de terceira via, Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB, almoça com Lula, um personagem de quem ele chegou a dizer que não compraria um carro usado.

Criticado pelo PSDB por prestigiar o líder petista, FHC foi às redes sociais para se explicar. Disse que, se não houver um tucano no segundo turno, votará em qualquer um que se apresente como adversário de Bolsonaro, inclusive Lula.

De passagem pelo Nordeste, Bolsonaro ironizou Lula, afirmando que a chapa do adversário será formada por um "ladrão candidato a presidente e um vagabundo como vice". Deu asas à especulação de que o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, a quem ele e o filho Flávio Bolsonaro chamaram de "vagabundo", pode ser o número dois da chapa de Lula.

Ainda sem partido, Bolsonaro declarou que pode retornar ao PP, uma das oito legendas que ele já integrou. Contou a novidade ao lado do presidente do PP, Ciro Nogueira, um antigo aliado de Lula que, no momento, contesta pedido da Polícia Federal ao Supremo para interrogá-lo num caso em que é acusado de receber propina de R$ 5 milhões da JBS como pagamento do apoio dado pelo PP à reeleição de Dilma Rousseff em 2014.

"Ele está me namorando", disse Bolsonaro, com a imagem já bem rachadinha, ao lado do investigado Ciro Nogueira. Quem observa esses movimentos fica com a sensação de que a política é mesmo o território da farsa.

Por Josias de Souza

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