quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Covardia - Felicio Vitali



Difícil viver num país em que você acorda de manhã e dá de cara com uma declaração do vice presidente, dizendo que o maior torturador do país, era um cara íntegro e corajoso que "respeitava os direitos humanos de seus subordinados". 

É vergonhoso e ofensivo para qualquer indivíduo que tem um mínimo de caráter, ouvir das bocas de suas autoridades máximas, manifestações de apoio e apreço a um covarde torturador e ficar quieto. 

Ninguém pode se dizer corajoso por enfrentar um adversário destroçado, física e moralmente, dentro de uma masmorra e apoiado por dezenas de asseclas armados. A isso, em qualquer época e lugar, sempre se deu o nome de covardia. 

Quem apoia estas atitudes, no elogio público ou diante do espelho do quarto escuro, é tão covarde quanto aquele que torturou e assassinou pessoas que já estavam dominadas e inferiorizadas. 

O presidente, que já teve a oportunidade de mostrar coragem durante um assalto, quando também estava armado e de iguais condições com os bandidos, ao invés de reagir, fez a opção por perder a carteira, a moto, a arma e a vergonha. Só recobrou a costumeira empáfia, quando se sentiu seguro ao lado de "policiais amigos". 

Neste caso, o bom senso de não reagir, seria compreensível e, sem dúvida, o mais indicado a qualquer cidadão. Menos a aqueles que defendem o porte de armas, idolatram os torturadores e se dizem corajosos no enfretamento a pseudos terroristas desarmados. 

Muito nos orgulharíamos de nossas autoridades, e nem precisariam do enfretamento a bandidos armados, se tivessem a coragem de serem honestos e se cumprissem com as suas promessas de campanhas eleitorais, como não se candidatando a reeleição e o verdadeiro enfretamento aos desarmados políticos corruptos. 

Mas os covardes se escondem atrás da máscara da hipocrisia e, em nome da reeleição e para a proteção da família corrupta, se unem a aqueles que deveriam combater, contrariando todas as suas promessas eleitorais. Traindo amigos e abraçando inimigos. 

Desta forma só cabe ao povo mostrar o seu brio e com coragem exigir a queda dos covardes. Mas o povo sequer tem a coragem de assumir que errou, quando permitiu ser enganado da existência desta falsa dicotomia política. 

Assim, só nos resta a infinita vergonha de pertencer a um país de pouquíssimos e verdadeiros heróis cuja a máxima da coragem dos governantes é "chutar" o povo, que se permite ser um "cachorro morto". 

Por Felicio Vitali

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