"Procura outro pra pagar a tua vacina", disse Jair Bolsonaro a João Doria na sua tradicional live das noites de quintas-feiras. Ao converter a testagem, a produção, a certificação e a distribuição de vacinas contra a Covid em controvérsia eleitoral, Bolsonaro migra da condição de presidente para a de apostador.
Bolsonaro precisa apostar na ineficácia da vacina a ser fabricada no Instituto Butantan. Se for eficaz, o imunizante chinês, como qualquer outra vacina que se revele capaz de deter o vírus, tende a se tornar um objeto de desejo, pois pesquisa feita pelo Datafolha em agosto revelou que 89% dos brasileiros querem se vacinar.
O presidente já destinou R$ 4,5 bilhões para o desenvolvimento das vacinas de Oxford e do consórcio da OMS. Ainda que todas sejam um sucesso, serão insuficientes para imunizar todos os brasileiros. E Bolsonaro talvez tenha de fazer por pressão o que não fez por opção.
É curioso que o mesmo presidente que pregava a volta a uma hipotética normalidade desde março, quando o coronavírus começou a matar no Brasil, agora se transforme em pregoeiro da não-vacinação, arauto do direito de infectar. Bolsonaro fornece material para que o Supremo lhe imponha uma derrota.
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