segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Bolsonaro vê competência na lambança do MEC


REUTERS/Ueslei Marcelino

Cutucado pelos repórteres, Jair Bolsonaro disse meia dúzia de palavras sobre a lambança que enodoa o primeiro Enem de sua administração. 

O capitão soou resignado: "Erros no Enem, sempre há." Espanto! Exibiu complacência: Abraham Weintraub "é extremamente competente". 

Estupefação! Terceirizou responsabilidades: "É a Justiça que decide" se cancela ou não o exame." Assombro! 

A experiência ensina que promessa de candidato é uma coisa, realidade de governante é outra bem diferente. Mas Bolsonaro exagera.

Prometeu um "ministério técnico", capaz de "evitar os erros do passado". Não tem mais obsessão pelo acerto. E já começa a se afeiçoar ao erro. 

Enaltece Weintraub, o 'imprecionante', num instante em que o ministro da Educação exerce sua incompetência com extrema competência. 

Horas depois de Bolsonaro ter empurrado o Enem bichado para o colo do Judiciário, a desembargadora Therezinha Cazerta, presidente do TRF-3, ministrou-lhe uma aula gratuita. 

A doutora lecionou: "O Poder Judiciário não é esteio para a solução dos problemas administrativos que o Poder Executivo enfrenta, mas garantidor de direitos, que exerce sua atribuição quando protege os indivíduos do arbítrio do Estado".

A desembargadora Therezinha negou pedido do governo para derrubar liminar que suspendera a divulgação do resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). As inscrições foram encerradas às 23h59 deste domingo (26/01). 

Bolsonaro está na Índia. Para pilotar o avião que o levou, só se habilita gente sabidamente competente. Mas para dirigir o MEC —ou o Brasil— qualquer um se acha capacitado.

Por Josias de Souza

Nenhum comentário: