Cutucado pelos repórteres, Jair Bolsonaro disse meia dúzia de palavras sobre a lambança que enodoa o primeiro Enem de sua administração.
O capitão soou resignado: "Erros no Enem, sempre há." Espanto! Exibiu complacência: Abraham Weintraub "é extremamente competente".
Estupefação! Terceirizou responsabilidades: "É a Justiça que decide" se cancela ou não o exame." Assombro!
A experiência ensina que promessa de candidato é uma coisa, realidade de governante é outra bem diferente. Mas Bolsonaro exagera.
Prometeu um "ministério técnico", capaz de "evitar os erros do passado". Não tem mais obsessão pelo acerto. E já começa a se afeiçoar ao erro.
Enaltece Weintraub, o 'imprecionante', num instante em que o ministro da Educação exerce sua incompetência com extrema competência.
Horas depois de Bolsonaro ter empurrado o Enem bichado para o colo do Judiciário, a desembargadora Therezinha Cazerta, presidente do TRF-3, ministrou-lhe uma aula gratuita.
A doutora lecionou: "O Poder Judiciário não é esteio para a solução dos problemas administrativos que o Poder Executivo enfrenta, mas garantidor de direitos, que exerce sua atribuição quando protege os indivíduos do arbítrio do Estado".
A desembargadora Therezinha negou pedido do governo para derrubar liminar que suspendera a divulgação do resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). As inscrições foram encerradas às 23h59 deste domingo (26/01).
Bolsonaro está na Índia. Para pilotar o avião que o levou, só se habilita gente sabidamente competente. Mas para dirigir o MEC —ou o Brasil— qualquer um se acha capacitado.
Por Josias de Souza
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