quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Alívio! Bolsonaro diz que não dará mais entrevistas


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Jair Bolsonaro mantém com a imprensa um relacionamento indigno. Ameaça empresas e ofende jornalistas. Agora, declarou que cogita parar de conceder entrevistas. Fez isso em reação a um levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas. O estudo mostrou que, em 2019, os ataques a repórteres e órgãos de comunicação cresceram 54%. Saltaram de 135 para 208. Bolsonaro sozinho foi responsável por 58% do total de agressões.

Nesta quarta-feira, o presidente disse aos repórteres, na frente do Palácio da Alvorada: "Quero falar com vocês, mas a associação nacional de jornalistas diz que quando eu falo, eu agrido vocês. Como eu sou uma pessoa da paz, não vou dar entrevista. Não posso agredir vocês aí..." Se for para mandar repórter calar a boca, expressar sentimento homofóbico ou ofender a mãe dos repórteres, como tem feito, o melhor que o presidente faz é realmente silenciar. Mas não deveria ser assim.

Numa democracia, presidente da República que se queixa da imprensa é como capitão de navio que reclama da existência do mar. A imprensa tem muitos defeitos. Mas enfrenta a antipatia de gente como Bolsonaro por conta de uma virtude. Apenas cumpre a missão jornalística de adequar as aparências à realidade e não adaptar a realidade às aparências, como prefeririam certos políticos.

O papel da imprensa não é o de apoiar ou de se opor a governos. Sua tarefa é a de levar à plateia —leitores, ouvintes, telespectadores e internautas- tudo o que tenha interesse público. Só não entende isso quem não dispõe de discernimento intelectual para conviver com o livre curso de informações e ideias. No limite, ao atacar a imprensa que o imprensa, Bolsonaro desrespeita não os jornalistas, mas a sociedade e os princípios democráticos.

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