sexta-feira, 8 de julho de 2022

Bolsonaro chama embaixadores para provar que Brasil é democracia mequetrefe



Quando se imagina que o centrão está conseguindo transferir os holofotes da língua de Bolsonaro para a sua caneta, o presidente esclarece em sua live que a PEC eleitoral com benesses de mais de R$ 40 bilhões não o fez abandonar sua opção preferencial pelo Apocalipse. Ao contrário, o presidente já não se contenta em apregoar o caos internamente. Ele agora quer convencer o mundo de que o sistema eleitoral brasileiro é mequetrefe. Convocou os chefes de embaixadas estrangeiras em Brasília para uma exposição na qual pretende demonstrar que as urnas eletrônicas brasileiras são absolutamente inconfiáveis.

As urnas eletrônicas operam há 26 anos. Nesse período, contabilizaram as vitórias de Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e do próprio Bolsonaro. Na reunião com os embaixadores, o capitão se arrisca a convencer os interlocutores de que as urnas são, de fato, viciadas. Elas adquiriram o vício da alternância no poder. Com sorte, os embaixadores deixarão o encontro convencidos de que a implicância de Bolsonaro não é com as urnas, mas com o risco de ser convertido pelos eleitores no primeiro presidente da história a a não obter a reeleição.

Bolsonaro fez referência em sua live a uma palestra feita horas antes, nos Estados Unidos, pelo ministro Edson Fachin. Nela, o presidente do TSE disse que o Brasil pode enfrentar um ataque às instituições mais grave do que a invasão do Capitólio, sede do Congresso americano, por devotos de Donald Trump. Bolsonaro segue a trilha de Trump. Ele também questionou o resultado da eleição antes da contagem dos votos. Derrotado, atiçou seus apoiadores.

Nos Estados Unidos, as Forças Armadas tomaram distância do golpista e as instituições reagiram com firmeza. Joe Biden tomou posse. No Brasil, o vice do arruaceiro é fardado e o general que comanda a pasta da defesa participa da coreografia do caos. Na sua palestra para americano ver, Fachin declarou que "o Judiciário brasileiro não vai se vergar a quem quer que seja." O mundo observa o esforço de Bolsonaro para provar que o Brasil é uma república de bananas e se pergunta: "Será que a democracia brasileira resiste?" A esse ponto chegamos.

Por Josias de Souza

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