José Roberto Arruda, o ex-governador preso no escândalo do mensalão do falecido DEM de Brasília, está de volta. Lavada em maio pelo ministro terrivelmente evangélico André Mendonça no Supremo Tribunal Federal, a ficha suja de Arruda foi enxaguada nesta quarta-feira pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins. Com os direitos políticos restabelecidos, Arruda se equipa para disputar novamente o governo do Distrito Federal pelo PL, o partido de Bolsonaro. Ele negocia o apoio do presidente da República.
Insatisfeito com a aliança que mantém com o atual governador da Capital, Ibaneis Rocha, candidato à reeleição, Bolsonaro flerta a sério com a ideia de subir no palanque de Arruda. Confirmando-se a aliança, Bolsonaro juntará sob o seu guarda-chuva dois ex-presidiários.
Além de Arruda, Valdemar Costa Neto, que puxou cadeia no mensalão do PT. Valdemar é dono do PL, sócio remido do centrão e membro honorário do comitê da reeleição. É um dos cardeais que aconselharam Bolsonaro a parar de falar de corrupção, concentrando-se no Auxílio Brasil e outras benesses.
André Mendonça anulou a sentença originária do mensalão do DEM. Mandou o caso da justiça federal para a justiça eleitoral, para recomeçar tudo do zero. Presenteou a prescrição dos crimes um político que, filmado recebendo propina, disse que o dinheiro seria usado na compra de panetones para os pobres.
Antes de vestir toga no Supremo, Mendonça foi colega de Flávia Arruda, mulher do reabilitado, no ministério de Bolsonaro. O ministro Humberto Martins, do STJ, completou o processo de ressurreição de Arruda, anulando duas condenações remanescentes por improbidade administrativa.
Na era da restauração da imoralidade não há mais corruptos na política. Hoje, o único culpado é Noé, que não proibiu a entrada do casal de ratos na sua famosa Arca.
Por Josias de Souza
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