segunda-feira, 9 de maio de 2022

Ao acender a luz, TSE expõe glúteos dos militares ao lado dos de Bolsonaro


Bolsonaro participa de reunião do Alto Comando Imagem: Divulgação/Defesa

Com atraso, o Tribunal Superior Eleitoral acendeu a luz para iluminar as sete sugestões mais recentes das Forças Armadas sobre o processo eleitoral. Algumas flertam com o erro. Outras revelam-se inúteis, pois sugerem providências que já estão em prática. As respostas dos técnicos da Justiça Eleitoral expuseram os glúteos dos militares na mesma janela em que se encontram os de Bolsonaro.

Até março de 2021, os militares estavam corretamente vestidos. Suas fardas ficaram chamuscadas depois que Bolsonaro demitiu o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, abrindo caminho para a troca dos comandantes das Forças Armadas, incluindo o do Exército, general Edson Pujol, com quem o presidente não se bicava. Até aí, o problema era do capitão, não dos generais.

Os militares perderam a parte de cima da farda com a transferência do general palaciano Braga Netto para o Ministério da Defesa. Ficaram sem camiseta, com com o torso à mostra em setembro de 2021, quando Braga Netto vetou um almirante que o TSE havia escolhido para representar as Forças Armadas numa Comissão de Transparência Eleitoral, indicando para a vaga o general Heber Portella.

Perderam as calças em fevereiro, quando Bolsonaro disse que o Exército havia detectado vulnerabilidades nas urnas. O TSE revelaria que as vulnerabilidades não passavam de dúvidas, devidamente respondidas. No instante em que Braga Netto transferiu-se da chefia da pasta da Defesa para a antessala da candidatura a vice de Bolsonaro, os militares ficaram sem as roupas íntimas. Mas ainda estavam no fundo do quartel.

Agora, os glúteos estão à mostra na janela porque o substituto de Braga Netto na Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, decidiu fazer tabelinha com Bolsonaro para transformar uma segunda rodada de sugestões das Forças Armadas ao TSE em fator de desmoralização das urnas a cinco meses da eleição.

O estrago está feito. Mas, se o quartel for retirado da eleição, os militares podem sair da janela. Afastando-se da implicância do presidente com o resultado das urnas, recuperam a jaqueta. Reconhecendo a inexistência de fraudes num sistema que já computou as vitórias de gente tão diversa quanto FHC, Lula, Dilma e o próprio Bolsonaro, podem reaver as peças íntimas.

Quanto às calças, a recuperação dependerá do comportamento que as Forças Armadas exibirão no dia em que Bolsonaro importar para o Brasil a confusão que seu ídolo Donald Trump armou no Capitólio.

Por Josias de Souza

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