quarta-feira, 18 de maio de 2022

Ação contra Moraes é parte da bagunça que Bolsonaro arma para o fim do ano



Numa evidência de que está na Presidência para confundir, não para presidir, Bolsonaro decidiu protocolar no Supremo Tribunal Federal ação contra Alexandre de Moraes, seu principal algoz na Corte. O presidente acusa o magistrado de abuso de poder, afronta à democracia e desrespeito à Constituição. Numa escala de zero a dez, a chance de a ação prosperar é de menos dez.

Bolsonaro sabe que o destino de sua ação é o arquivo. Patrocina o processo não por sonhar com uma condenação do ministro pelos seus pares, mas para compor a confusão que arma para o final do ano. A ação será convertida em parte do contencioso que servirá de pretexto para arguir a suspeição de Alexandre de Moraes como comandante das eleições de 2022. O ministro assumirá em agosto o posto de presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Quem subscreve a notícia-crime de Bolsonaro contra Moraes não é a Advocacia-Geral da União. Dessa vez, o presidente é representado por Eduardo Reis Magalhães, um advogado inscrito na OAB do Paraná. A iniciativa traz as digitais do deputado paranaense Ricardo Barros, o bolsonarista do centrão que responde pela liderança do governo na Câmara.

Por ironia, os computadores do Supremo sortearam como relator do processo o ministro Dias Toffoli. O mesmo que, em março de 2019, quando presidia a Suprema Corte, abriu um inquérito para investigar ataques ao tribunal e ameaças aos seus ministros. Toffoli indicou para relator, sem sorteio, Alexandre de Moraes.

Decorridos mais de três anos, o processo continua aberto. E deu à luz muitos filhotes. A iniciativa de Toffoli é vista como mãe de todos os inquéritos que vieram a seguir para investigar as agressões à democracia praticadas por Bolsonaro e pelo bolsonarismo. Protagonista de meia dúzia de processos, o presidente permanece impune.

A ação contra Moraes serve para informar que depois da impunidade vem a bonança. Ou a bagunça.

Por Josias de Souza

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