O Palácio do Planalto informa: sai o voto impresso, entra o impeachment de ministros do Supremo. Jair Bolsonaro encontrou um novo mote para seu rodízio de ameaças. O objetivo permanece o mesmo: intimidar as instituições e manter o clima de golpismo no ar.
O presidente começou a semana passada com uma blitzkrieg contra a urna eletrônica. Promoveu um desfile de tanques e pôs a tropa digital no encalço dos deputados. Apesar do bombardeio, a Câmara manteve as regras do jogo. Ele reclamou da derrota, mas não se deu por vencido.
Na manhã de sábado, Bolsonaro lançou outra cruzada. Em quatro tuítes, anunciou que pediria a cassação de Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. O presidente se limitou a dizer que os ministros “extrapolam”. Foi o suficiente para abrir mais uma crise institucional.
O capitão sabe que não haverá impeachment no Supremo. O Senado não quer briga com a Corte, e os juízes não podem ser punidos por atuar com independência. Mesmo assim, a ofensiva cumpriu seu papel. Abasteceu as redes do ódio e manteve o governo em posição de ataque.
Bolsonaro se alimenta do confronto permanente. Precisa fabricar crises para agitar a militância e manter a fantasia de outsider. Apesar da aliança com o Centrão, parte do eleitorado ainda acredita que o presidente luta contra o sistema. Ele depende dessa ilusão para se manter no páreo.
Se as ameaças de golpe cessarem, alguém pode se lembrar da inflação, do desemprego e das maracutaias descobertas pela CPI. Melhor desviar dos problemas e insistir no discurso de que o Judiciário e o Legislativo o impedem de governar.
O fato de Bolsonaro apelar a bravatas não autoriza ninguém a subestimá-lo. O capitão nunca escondeu seu sonho autoritário. Se pudesse, já teria fechado o regime e mandado os opositores para a “ponta da praia”, como afirmou na campanha de 2018. Com a cumplicidade de generais que não perdem uma chance de ameaçar a democracia.
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