terça-feira, 7 de março de 2023

Bento Albuquerque vira alvo da PF e da Receita


O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante pronunciamento na TV sobre crise hídrica, em 29 de junho de 2021 — Foto: Reprodução

No inquérito sobre o escândalo das joias, estrelado pelo casal Bolsonaro, emerge como principal coadjuvante o almirante Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia. Assim como Michelle e Jair Bolsonaro, ele será intimado a depor pela Polícia Federal. Por enquanto, é visto apenas como mentiroso. Dependendo do que disser, pode se tornar cúmplice.

Intermediário dos presentes da Arábia Saudita para Bolsonaro e Michelle, Bento Albuquerque foi chamado de volta à alfândega quando a Receita Federal flagrou na mochila de um de seus assessores, em outubro de 2021, o estojo com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. O almirante tentou argumentar que se tratava de um presente para Michelle. O mimo foi retido pela fiscalização.

Descobriu-se depois que um segundo pacote, escondido noutra bagagem, escapou ao controle da fiscalização. Nele, havia um relógio, um par de abotoaduras, um anel e um rosário islâmico. Coisa fina, ainda pendente de avaliação. A mercadoria destinava-se a Bolsonaro.

Apesar de ter sido alertado pelos fiscais sobre as ilegalidades que provocaram a retenção das joias que se destinariam a Michelle, o almirante se absteve de informar sobre existência do segundo volume. O esconde-esconde pode custar caro.

Além de depor à PF, Bento Albuquerque será intimado a prestar esclarecimentos à Receita. Suspeita-se que os presentes de Bolsonaro estivessem na mala do próprio almirante. Nessa hipótese, afora eventuais consequências penais, ele estaria sujeito a ser multado por entrar no país sem declarar os bens ao Fisco. No momento, o governo tenta localizar o presente que chegou das arábias para Bolsonaro.

No processo de desmoralização a que foram submetidas as "minhas Forças Armadas" durante o governo Bolsonaro, Bento Albuquerque era, até a semana passada, apenas uma cabeça na sala de troféus do capitão. O pescoço do ex-ministro foi passado na lâmina em maio de 2022, nas pegadas de um reajuste dos preços dos combustíveis. Agora, o almirante descobre da pior maneira que pode ter perdido algo mais além da cabeça na sua passagem pela administração Bolsonaro.

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