terça-feira, 22 de junho de 2021

Em 15 dias, haverá a comprovação oficial de que Bolsonaro mente sobre urnas



Daqui a 15 dias, Jair Bolsonaro vai ser desmoralizado pelos fatos mais uma vez. E daí? Seus fiéis não estão nem aí. Não cobram de seu "condutor" que diga a verdade. Basta que insulte permanentemente o bom senso. A que me refiro?

O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luiz Felipe Salomão, que integra o TSE, deu 15 dias para que o presidente da República apresente as alegadas provas de que houve fraude na eleição de 2018. O ofício foi enviado ainda a Cabo Daciolo e ao deputado Oscar Castello Branco (PSL-SP), que também insistem no delírio.

Escreve Salomão:
"Oficie-se às autoridades (...) que apresentem num prazo de 15 dias evidências ou informações de que disponham, relativas à ocorrência de eventuais fraudes ou inconformidades em eleições anteriores, consoante afirmados nos respectivos registros amplamente veiculados".

E se Bolsonaro não entregar nada? Acontece o quê? Bem, de saída, destaque-se que ele, com efeito, não tem o que repassar ao corregedor. Afinal de contas está mentindo. Trata-se de mera estratégia para começar a bagunçar desde já o processo eleitoral. Se perder, dará uma de Donald Trump ou de Keiko Fujimori. Aliás, vejam que coisa: Estados Unidos e Peru, tão distantes entre si, né?, igualam-se na inexistência de um sistema eficiente e seguro de votação. Como se percebe, há uma constância na extrema direita mundo afora: não aceitar a derrota eleitoral.

Não sei se Bolsonaro vai perder em 2022. A sanidade torce por isso. De toda sorte, ele já faz o seu "hedge" golpista para a hipótese de que venha a acontecer. Hoje, é o mais provável.

O que Bolsonaro e os outros estão fazendo é a falsa comunicação de um crime. E se trata, evidentemente, de algo muito grave. É claro que a Procuradoria Geral da República já deveria ter se mobilizado. Mas convém repetir Dante no caso: "Deixai aqui toda a esperança, vós que entrais".

Nesta segunda, os terraplanistas do voto impresso, que compõem a comissão em que tramita o projeto, reuniram-se com o ministro Roberto Barroso, presidente do TSE, e com técnicos do tribunal. Mais uma vez, souberam no detalhe da impossibilidade de fraude e puderam constatar que o sistema pode ser submetido a auditoria. Mas e daí? O voto impresso é a hidroxicloroquina da turma.

AS "PROVAS" DE ACM
Assim, podem esperar: as "provas" de Bolsonaro são como a famosa "pasta lotada de denúncias de corrupção contra o governo" que o então senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) dizia ter contra o governo Itamar Franco. ACM vivia plantando na imprensa que tinha uma penca de documentos e desafiava o presidente a recebê-lo. Seu principal alvo era Jutahy Jr., ministro de Itamar e seu desafeto no Estado.

O presidente topou a parada. Marcou um encontro com ACM e chamou o então ministro da Justiça, Maurício Corrêa, para testemunhá-lo. Mas não só. Quando o senador chegou ao Palácio, Itamar pediu à imprensa que testemunhasse a entrega dos supostos documentos. ACM ficou desenxabido, não entregou coisa nenhuma e não voltou mais ao assunto. Era só pressão.

As "provas" de Bolsonaro são pura conversa mole.

É um escárnio, claro!, que este senhor, sendo presidente da República, faça declarações que, por óbvio, ameaçam a própria democracia. E, como se nota, fica tudo por isso mesmo.

Daqui a duas semanas, saberemos o óbvio: Bolsonaro está contando mais uma mentira. Nada tem a mostrar — e o que quer que eventualmente apresente como se prova fosse não passará de fantasia. Mas os seus fanáticos não desistirão, sonhando com uma invasão do Congresso, quem sabe deixando alguns corpos no chão.

Ah, sim: fiz uma pergunta que ficou sem resposta. Se Bolsonaro nada entregar, acontece o quê? Não será a Justiça Eleitoral a puni-lo porque não tem poderes para isso. Desde já, compete à PGR oficiar o presidente para que apresente as provas que ele diz ter de um crime muito grave.

O TSE, por intermédio do ministro Luiz Felipe Salomão, fez um simples despacho solicitando informações. O documento será útil para demonstrar que o presidente mente. E isso, de novo, deveria provocar a PGR.

De novo, Dante: "Deixa aqui toda a esperança, vós que entrais!"

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