quinta-feira, 17 de junho de 2021

Centro olha menu de 2022 como freguês que informa ao garçom o que não quer



A campanha presidencial de 2022 foi antecipada em mais de um ano. Deve-se a antecipação a Bolsonaro e ao Supremo Tribunal Federal. O presidente da República percorre o país promovendo aglomerações eleitorais à revelia da lei. E Lula, seu principal rival, frequenta os discursos e as faixas dos ajuntamentos levados à rua por movimentos de oposição. É como se Lula, com a ficha lavada pela Suprema Corte, desfilasse pelas manifestações como um personagem invisível.

Incomodados com o papel de espectadores de uma disputa polarizada, os dirigentes de alguns dos principais partidos do autoproclamado centro político reuniram-se em Brasília. O encontro ocorreu nas pegadas do surgimento de três novidades. O apresentador Luciano Huck, que muitos viam como alternativa, informou que é candidato a Faustão, não a presidente da República. Saiu do tabuleiro de fininho, como já fizera o ex-juiz Sergio Moro.

O PSDB definiu as regras da disputa prévia que escolherá no final do ano o nome do presidenciável tucano. Há pouco voto para muito candidato: João Doria, Eduardo Leite, Tasso Jereissati e Arthur Virgílio.

A terceira novidade é o anúncio feito por Bolsonaro de que elevará o valor do beneficio médio do Bolsa Família dos atuais R$ 190 para R$ 300 por mês. Coisa para dezembro.

Significa dizer que o principal adversário de Lula irá à disputa de 2022 armado com um artefato petista, que ele chamava no passado de "voto de cabresto do governo" do PT.

Contra esse pano de fundo, os mandachuvas de partidos como PSDB, DEM, MDB, Cidadania, PV e Podemos chegaram a um único consenso no encontro de Brasília: não vão apoiar nem Bolsonaro nem Lula.

Note-se que o PDT de Ciro Gomes não compareceu à reunião.

No final das contas, a turma da chamada terceira via está numa posição muito parecida com a do freguês que entra no restaurante, senta-se à mesa, lê o menu e diz ao garçom o que não quer comer. Os senhores precisam informar o que desejam.

Por Josias de Souza

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