sexta-feira, 25 de junho de 2021

Depoimento de servidor da Saúde à CPI intima Bolsonaro a levantar o tapete



Chefe de Logística de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, o servidor Luis Ricardo Miranda colocou aos pés de Bolsonaro, em 20 de março de 2021, informações que lhe permitiriam mostrar o tamanho do seu compromisso com a ética. Submetido à suspeita de corrupção na compra da vacina Covaxin, da Índia, o capitão sinalizou que seu apreço pelos bons costumes cabe embaixo do tapete.

Luis Ricardo contou a Bolsonaro que, resistindo à pressão de seus superiores, recusou-se a assinar um documento que considerou malcheiroso. Rubricando-o, liberaria um pagamento antecipado em nome da empresa Madison Biotech, localizada no paraíso fiscal de Singapura. Coisa de US$ 45 milhões, o equivalente a R$ 222 milhões. O pagamento destravaria o envio de um primeiro lote de vacinas Covaxin: 300 mil doses.

O contrato de compra de 20 milhões de doses da vacina indiana ao preço de R$ 1,6 bilhão não menciona a Madison. O texto veda pagamentos antecipados. E informa que o primeiro lote deveria conter 4 milhões de vacinas, não 300 mil.

Bolsonaro informou ao servidor Luis Miranda e ao irmão dele, o deputado bolsonarista Luis Miranda (DEM-DF) que acionaria a Polícia Federal. Era lorota. O presidente enfiou tudo embaixo do tapete. Agora, com a Covaxin convertida em matéria-prima de CPI, Bolsonaro não enxerga culpados na imagem do espelho.

Seja qual for a versão a ser construída pelo Planalto, ela não ficará em pé enquanto Bolsonaro não levantar o tapete que esconde a mão que colocou a vacina indiana e uma fatura esquisita de R$ 222 milhões na porta do cofre do Tesouro Nacional.

Por Josias de Souza

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