segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Professora incensada por Barroso e Deltan acusa ilegalidades da Lava Jato


Susan Rose-Ackerman: especialista já exaltada por Barroso e Deltan
assina artigo demolidor sobre desmandos de Sergio Moro

Roberto Barroso, a voz mais estridente do punitivismo no Supremo e de soluções, vamos dizer, heterodoxas em nome do combate à corrupção, deve estar numa espécie de crise intelectual… Também Deltan Dallagnol, o justiceiro da Lava Jato e dublê de Menino Prodígio, pode se chatear um pouco. Um grupo de 17 juristas de renome internacional assina um duro artigo dirigido ao Supremo Tribunal Federal, como informou a Folha, em que se lê, com todas as letras:

"Sérgio Moro não só conduziu o processo de forma parcial, como comandou a acusação desde o início. Manipulou os mecanismos da delação premiada, orientou o trabalho do Ministério Público, exigiu a substituição de uma procuradora com a qual não estava satisfeito e dirigiu a estratégia de comunicação da acusação. Além disso, colocou sob escuta telefônica os advogados de Lula e decidiu não cumprir a decisão de um desembargador que ordenou a liberação de Lula, violando assim a lei de forma grosseira. Hoje, está claro que Lula não teve direito a um julgamento imparcial. Ressalte-se que, segundo o próprio Sérgio Moro, ele foi condenado por "fatos indeterminados".

Os signatários fazem referência explícita às revelações publicadas pelo site "The Intercept Brasil" e veículos a ele associados no esforço de revelar os bastidores da Lava Jato. 

E por que a dupla está moralmente obrigada a se manifestar? 

Entre os signatários do artigo está Susan Rose-Ackerman, professora emérita da Universidade Yale. Ela é uma conhecida de vocês.

Susan era uma das convidadas do "coquetel/jantar" oferecido por Barroso, no dia 9 de agosto de 2016, a Sergio Moro e a Deltan Dallagnol. A professora era uma das participantes de um colóquio sobre direito promovido pelo ministro. Este blog noticiou com exclusividade o evento, que deveria ser mantido longe da imprensa, segundo recomendações do próprio Barroso. 

Quando a notícia veio a púbico, o ministro houve por bem se manifestar em seu blog. Ele tem um!!! Afirmou:
"Em 9 de agosto de 2016, a Professora Susan Ackerman esteve no Brasil, a convite de uma instituição acadêmica de São Paulo, para ministrar um seminário, em conjunto com outros expositores. Susan é esposa de Bruce Ackerman, que foi meu professor em Yale e é meu amigo há 30 anos. Convidei-a a dar o mesmo seminário em Brasília, intitulado 'Democracia, corrupção e justiça: diálogos para um país melhor'. Na véspera do evento, fiz um coquetel em minha casa em torno dela, para o qual foram convidados todos os participantes do seminário e alguns professores, num total de cerca de 25 pessoas"

Pois é… Ocorre que Bruce Ackerman, o marido de Susan, ex-professor de Barroso, seu "amigo há 30 anos", também assina o texto. 

E agora? 

Em 2016, no Twitter, Deltan tira uma foto ao lado de Susan e escreve: "Esta semana tive o prazer de conhecer Susan Rose-Ackerman, p/mim, a maior especialista do mundo sobre corrupção".


Pois é… Aquela que Dallagnol considera "a maior especialista do mundo sobre corrupção" está a fazer picadinho do trabalho da Lava Jato, apontando suas óbvias ilegalidades. 

Será que, de súbito, Barroso e Dallagnol dirão que Susan está entre os, como é mesmo, ministro?, interessados em manter intocadas as práticas corruptas? 

Assina também o texto Luigi Ferrajoli, professor emérito de direito da Universidade Roma Três. É considerado hoje o mais importante jurista do mundo em matéria de "garantismo" no direito penal.

Barroso tem a chance de deixar claro a seu professor e amigo se realmente aprendeu alguma coisa, não é mesmo? 

Leia íntegra do artigo aqui

Por Reinaldo Azevedo

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