Eduardo Bolsonaro e Ernesto Araújo depois de encontro micado com Donald Trump. O que eles tinham a falar sobre a reunião? Nada! (Foto: Mandel Ngan/AFP) |
O presidente Jair Bolsonaro e seu governo estão se tornando a caricatura que a esquerda sempre fez da submissão da direita brasileira aos EUA. O troço é bastante constrangedor. O antiamericanismo, com efeito, já foi uma das expressões do irracionalismo da nossa política. Agora nós temos a contraface: o americanismo se mostra a expressão do infantilismo.
Em meio à grita mundial contra a devastação da Amazônia, Bolsonaro escreveu no Twitter:
"Nunca Brasil e EUA estiveram tão alinhados. A coordenação com o Presidente americano foi essencial para a defesa da soberania brasileira na Amazônia, por ocasião do encontro do G-7, o que demonstra nossa relação cada vez mais sólida de amizade e respeito"
Explicava a ida do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), possível indicado para a embaixada do Brasil em Washington, e de Ernesto Araújo, chanceler, para um encontro com Donald Trump nesta sexta.
A dupla esteve na Casa Branca. Que tipo de conversa os dois mantiveram com Trump? Não dá para saber. O certo é que inventaram uma nova categoria das relações internacionais: a reunião simbólica.
O que isso significa?
Na saída, nem um nem outro tinham algo a dizer. Eduardo se negou a dar entrevista em inglês à imprensa internacional. Deixou para Araújo. Falou apenas com repórteres brasileiros. Em português.
Bolsonaro havia anunciado "novidades" decorrentes do encontro. Não veio nada.
Coube a um desenxabido Araújo esta tentativa de explicação, segundo leio na Folha:
"Não tínhamos expectativas de sair daqui com nada, mas achamos extremamente significativo que o presidente Trump tenha nos recebido".
Considerando o que se anunciou e o que se disse como resultado da reunião, eu diria que foi mesmo "muito significativo".
TREINAMENTO MILITAR?
Escreve a Folha:
"O deputado disse que o americano aceitou nossa proposta de trabalhar conjuntamente para desenvolver de forma sustentável a Amazônia. Acordos de livre comércio e de treinamento militar conjunto também foram falados."
Treinamento militar onde? Na Amazônia?
Militares estrangeiros, americanos ou não, não põem os pés na Amazônia brasileira. Esse sempre foi um ponto de honra para as nossas Forças Armadas. Vai mudar a escrita agora?
Eduardo ainda afirmou:
"Não podemos aceitar, no Brasil, Macron falando e atentando contra nossa soberania nacional, depois querer fazer algum tipo de ajuda, porque não é uma ajuda que vem de bom coração. Isso é um desrespeito aos brasileiros, seria subjugar nossa brasilidade aceitar esse tipo de ajuda".
Que coisa, né?
Ali estavam o chanceler que, durante a fase mais aguda da crise na Venezuela, sugeriu abrir um corredor em plena Amazônia para a eventual passagem de tropas americanas para intervir naquele país. Com o apoio de Eduardo.
Os militares brasileiros, incluindo o vice, Hamilton Mourão, botaram ordem na bagunça e atentaram para a estupidez da proposta.
Parece que as considerações de Eduardo e Araújo sobre soberania são bastante elásticas.
É… O Exército Brasileiro resolveu dar folga à tropa às segundas por falta de recursos. Será a que dupla foi a Trump para pedir alguns soldados de empréstimo?
Saldo da viagem? Desperdício de algum dinheiro. E só. Tempo, com efeito, eles não perderam. Eis uma coisa que os dois têm de sobra…
Por Reinaldo Azevedo
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