Na guerra retórica travada entre Jair Bolsonaro e o presidente francês Emmanoel Macron, quem se saiu melhor até aqui foi a premiê da Alemanha, Angela Merkel. Ela deu uma aula de pragmatismo aos dois bufões ambientais. Na reunião do G7, no final de semana, o comportamento de Merkel foi decisivo para desarmar espíritos. Isso foi atestado inclusive por autoridades brasileiras escaladas para descobrir o que se passou no encontro.
Verificou-se que Angela Merkel, de saída, agiu para retirar da mesa a tese de Macron segundo a qual a crise ambiental brasileira envenenaria o acordo comercial da União Europeia com o Mercosul. Angela Merkel fez mais: disse que era preciso envolver o Brasil no debate amazônico. Informou que telefonaria para Bolsonaro. Lero vai, lero vem, Macron ficou isolado. A coisa evoluiu, então, para a proposta de ajuda dos países ricos para deter as queimadas. Coisa de 20 milhões de euros —ou R$ 90 milhões. Uma mixaria.
Só a alemanha suspendeu dias atrás o repasse de R$ 150 milhões para projetos ambientais no Brasil. A Noruega reteve o envio de outros R$ 133 milhões. Seja como for, os R$ 90 milhões do G-7 seriam bem-vindos. Mas eis que entrou em cena novamente Bolsonaro. Refugou a oferta sob o argumento de que ela esconde interesses inconfessáveis em relação à Amazônia. Paradoxalmente, o capitão aceita ajuda dos Estados Unidos e de Israel.
Bolsonaro tem muito a aprender. Angela Merkel teria todas as razões para se vingar do capitão, que já a tratou com desrespeito. Mas sabe que não deve privar a economia alemã, desaquecida, da oportunidade de ter acesso ao Mercosul. Seu gesto seria uma oportunidade para Bolsonaro fazer uma autocrítica e abrir negociação para reaver a verba ambiental que Alemanha e Noruega suspenderam. Mas Bolsonaro não costuma perder a oportunidade de perder oportunidades.
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