A gente às vezes costuma complicar coisas que são simples. Nada pode ser mais simples do que a lógica do enchimento de balões de festa. Essa mesma lógica se aplica à crise ambiental em que Jair Bolsonaro meteu o Brasil. O segredo está em descobrir o ponto exato que antecede o momento da ruptura dos balões, o instante em que um sopro a mais fará o balão explodir. Bolsonaro vive o seu momento-balão-de-festa-infantil. Faltou na sua assessoria uma criança de 5 anos.
Nos últimos dias, o presidente dedicou-se a soprar o balão. Fez isso ao dizer que o Brasil não precisava do dinheiro que a Alemanha parou de enviar para programas ambientais. Continuou soprando ao ironizar a suspensão do envio das verbas da Noruega para o Fundo Amazônia de preservação da floresta. No início da semana, Bolsonaro voltou a soprar ao assistir à proliferação de queimadas na Amazônia como se nada tivesse com o problema.
Em conversas com os repórtes, na entrada do Alvorada, Bolsonaro se absteve de informar que providências adotaria para deter as chamas. Preferiu apontar as ONGs como culpadas e os governadores como cúmplices das queimadas. Uma criança de 5 anos teria dado um conselho a Bolsonaro: "Presidente, não respire! Um hálito a mais e o balão arrebenta." Sem esse assessoramento especializado, o balão explodiu.
Bolsonaro ofereceu matéria-prima para toda sorte de ataques oportunistas contra o Brasil. O agronegócio brasileiro está sob ameaça de boicotes. O acordo Mercosul-União Europeia está sob questionamento. E o Brasil foi enfiado de ponta-cabeça na pauta de uma reunião do G-7, o grupo que reúne sete das maiores economias do mundo. Agora, Bolsonaro faz por pressão o que deixou de fazer por obrigação. Com sua retórica caótica, o presidente não combina com balões. Só descobre o ponto exato que antecede o estouro quando não adianta mais nada. Falta na equipe do Planalto a sensibilidade de uma criança de 5 anos.
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