segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Ex-chefão da Lava Jato agora admite: Bolsonaro era o candidato da operação


Carlos Fernando: agora ele admite que Bolsonaro era o candidato da Lava Jato.
mas se sente traído, coitadinho…

O procurador Carlos Fenando, que integrava a Lava Jato e é notavelmente agressivo quando enfrenta alguém que se opõe às suas diatribes retóricas, participou de um debate sobre a operação com o advogado Walfrido Warde no programa "GloboNews Painel", conduzido pela jornalista Renata Lo Prete. 

Warde debate com lhaneza, o que não quer dizer que não tenha entendido a tática do oponente da ora. Deixou-o tão à vontade, estimulando-o a ser quem era, que Carlos Fernando resolveu abrir o jogo. Admitiu o que observadores atentos sempre souberam, incluindo certamente Warde, embora os integrantes da operação jamais o tenham admitido: a operação tinha um candidato. E seu nome era Jair Bolsonaro.

Indagado por Renata sobre o alinhamento, Carlos Fernando Respondeu: 
"Infelizmente, no Brasil, nós vivemos um maniqueísmo, né? Então nós chegamos… Inclusive, no sistema de dois turnos, faz com que as coisas aconteçam dessa forma. É evidente que, dentro da Lava Jato, dentro desses órgãos públicos, de centenas de pessoas, existem lava-jatistas que são a favor do Bolsonaro. Muito difícil seria ser a favor de um candidato que vinha de um partido que tinha o objetivo claro de destruir a Lava Jato. Seria muito difícil acreditar que..."

Renata interrompe: "Você está se referindo a Fernando Haddad?" 

E Carlos Fernando retoma: 
"A Fernando Haddad, obviamente. Então nós vivemos este dilema: entre a cruz e a caldeirinha; entre o diabo e o coisa ruim, como diria o velho Brizola. Nós precisamos parar com isso. Nós realmente temos que ter opções. Infelizmente, um lado escolheu o outro. E, naturalmente, na Lava Jato, muitos entenderam que o mal menor era Bolsonaro. Eu creio que essa era uma decisão até óbvia, pelas circunstâncias que Fernando Haddad representava justamente tudo aquilo que nós estávamos tentando evitar, que era o fim da operação. Agora, infelizmente, o Bolsonaro está conseguindo fazer".

Lembro que um presidente da República não tem autoridade para pôr fim a operação nenhuma. Chame-se Dilma, Bolsonaro ou Fernando Haddad. Até porque, fosse assim, a então presidente petista o teria feito, já que a operação nasceu durante o seu governo, em 2014. 

O que se tem aí é a confissão de que a operação que, na prática, retirou um candidato da disputa — refiro-me a Lula — alinhou-se, de forma antes apenas clara, e agora confessa, a seu adversário. 

Diálogos revelados pelo site The Intercept Brasil evidenciaram que Sergio Moro chegou a oferecer a Dallagnol uma possível testemunha contra o ex-presidente. Fez mais: criticou o trabalho de uma procuradora, que não estaria sendo efetiva como ele, Moro, esperava no caso. Dallagnol a substituiu.
(...)

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