Devotos da Lava Jato se concentram em frente ao Masp, na Avenida Paulista |
Você quer um lead vistoso, para dar a impressão de que, neste domingo, o país foi às ruas em defesa de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e da Lava Jato? Pois não! Houve manifestações em defesa da tropa e contra o STF em 21 Estados e no DF, segundo o G1, alcançando 46 cidades… Em algumas, não mais do que meia-dúzia de gatos pingados. Em São Paulo, era preciso apelar ao ângulo das câmeras para fingir que dois quarteirões eram toda a Avenida Paulista.
Notem como os eventos da extrema-direita estão em declínio. Se quiserem, até faço uma contabilidade rápida.
Desde que Bolsonaro chegou ao poder, houve seis grandes manifestações: três da esquerda, três da direita. Em todas, os adversários do governo levaram vantagem.
No dia 15 de maio, milhares de pessoas protestaram principalmente contra o corte de verbas na educação em ao menos 222 cidades. Os bolsonaristas responderam no dia 26 daquele mês com uma manifestação de fôlego, sim, mas mais modesta: registraram-se protestos em 156 municípios.
No dia 30 seguinte, ainda com foco na educação, mas também mirando na reforma da Previdência, os cinquenta tons de vermelho voltaram a ocupar as ruas: em 136 cidades. Em 30 de junho, bolsonaristas, moristas, golpistas — havia cartazes pregando, afinal, que os soldados tomassem o Supremo — se manifestaram em 88 cidades.
No dia 13 deste mês, novos protestos das esquerdas contra cortes de verbas na educação e contra a reforma da Previdência: em 85 cidades de 26 Estados. A extrema-direita voltou a campo agora e leva uma nova surra de público.
Se número fosse argumento absoluto, poder-se-ia dizer que a esquerda como a extrema-direita estão em declínio, mas que está se encontra em pior situação. Mas nem o esquerdista mais otimista ousaria chegar a essa conclusão.
Uma coisa, no entanto, é certa: aquele "espírito do tempo" que elegeu Bolsonaro já era. Há esforços aqui e ali — e a Lava Jato se move desesperadamente neste sentido — para resgatá-lo, mas já era! Acabou a festa!
Até setores do bolsonarismo estão descobrindo que é preciso governar o Brasil. Não se administra o país só na base do berreiro e da demonização do Supremo.
136, 88, 46… Queda de 35,3% da segunda para a primeira e de 47,7% da terceira para a segunda… Nesse ritmo, a próxima convocação da extrema-direita pode gerar algum barulho em 16 cidades, 18 quem sabe…
Política não é matemática, claro! Mas a matemática existe. Deixo para os "çábios" do extremismo a tarefa de desvendar a conta…
É verdade! A esquerda também não tem o que comemorar com seus números. Mas ela foi derrotada nas urnas. Pergunte a si mesmo e responda se as ruas hoje dariam a vitória relativamente folgada a Bolsonaro.
Por Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário