quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Ruína educacional evidencia vocação para a mediocridade



Aplicado a cada três anos, o exame do Pisa é a principal avaliação internacional de educação. O Brasil participa do programa há 23 anos. Nesse período, passaram pelo Planalto cinco presidentes: FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. As notas dos jovens estudantes brasileiros mantiveram duas características imutáveis: são baixas e estáveis. No resultado divulgado nesta terça-feira, referente a 2022, o Brasil continua entre os 20 piores do mundo num ranking de 81 nações.

Sete em cada dez alunos brasileiros na faixa dos 15 anos não sabem fazer contas básicas. Metade dos estudantes tem dificuldade para entender o que lê e não compreende conceitos elementares de ciência. Não se chega a um desastre desse tamanho por acaso.

Graças ao esforço de governadores e prefeitos, o país atenuou na educação os efeitos ruinosos produzidos pelo negacionismo de Bolsonaro e pela inépcia do MEC durante a pandemia.

O penúltimo teste do Pisa, fechado em 2018 e divulgado em 2019, também colocava o Brasil entre os 20 piores. Abraham Weintraub, a piada que dirigia o MEC na época, atribuiu os maus resultados à "doutrinação esquerdófila" do PT. O novo levantamento revela que as teorias direitófilas do capitão tampouco deram em boa coisa.

Normalmente, notícias sobre o MEC saem na editoria de educação. Sob Bolsonaro, o excesso de ideologia empurrou o ministério para seção de política. Com o tempo, o assalto praticado por pastores lobistas e por prepostos do centrão levou o MEC às páginas de polícia.

O Pisa foi aplicado pela primeira vez no Brasil em 2000, ainda sob FHC. Avaliaram-se na época apenas os conhecimentos em leitura. Nas provas subsequentes, entraram matemática e ciência.

Em duas décadas, a variação positiva mais expressiva ocorreu com a média de matemática, entre 2003 e 2009, no primeiro mandato de Lula. O ponto fora da curva não foi suficiente para retirar o Brasil do ranking dos piores.

Desde então, as notas atribuídas aos estudantes brasileiros registram variações estatisticamente negligenciáveis. A cada triênio, o Pisa expõe a raiz do atraso brasileiro. A ruína educacional do Brasil evidencia vocação nacional para a mediocridade.

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