sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Desejo de mudar o mundo antes de arrumar a casa teve custo alto



Lula quis mudar o mundo no primeiro ano de governo. Desejou tanto que passou à sociedade a impressão de ter esquecido de que foi eleito para arrumar o Brasil. A nova pesquisa do Datafolha mostra que a estratégia teve alto custo.

Cresceu o índice de decepção com o presidente. O percentual de brasileiros que acham que Lula fez menos do que esperavam subiu de 53% em setembro para 57% agora. Mais de sete em cada dez brasileiros desconfiam do que Lula diz: 40% afirmam que nunca confiam no presidente, 35% dizem confiar nele apenas às vezes.

Lula foi eleito por pequena margem (1,8% dos votos), cavalgando uma frente ampla em defesa da democracia. O país melhorou. Já não há no Planalto um presidente distribuindo armas e brigando com as vacinas, a China e as urnas. Mas...

Entretanto, a frente ampla agora cabe num fusca. E a polarização continua presente nos índices do Datafolha: 38% aprovam Lula, 30% o desaprovam e outros 30% abrigam-se sob a marquise do "regular" à espera de resultados ou alternativas diferentes.

Lula atravessou o mapa-mundi em 11 meses. Vendeu-se como chefe de uma potência verde, líder do continente, mediador de guerras e reformador da ONU. Chega às vésperas do Natal com um pé na Opep e outro embaixo do sapato de Macron. Um olho em Milei e outro em Maduro.

Os entrevistados pelo Datafolha intimam Lula, por assim dizer, a olhar para dentro de casa. Ali, há a ficção econômica do déficit zero em 2024, uma base parlamentar que custa os olhos da Caixa Econômica e não vale um kit de robótica, policiais matadores na Bahia e vítimas justiceiras no Rio. Os problemas são velhos. Mas o eleitor escolheu em 2022 uma perspectiva de soluções novas, não um lote de desculpas e de programas antigos.

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