Câmeras corporais usadas por policiais militares na cidade de São Paulo Imagem: Andre Ribeiro/Futura Press/Folhapress |
O desprezo de Tarcísio de Freitas pelo programa de câmeras corporais das polícias revela que o problema da segurança pública em São Paulo tornou-se mais sofisticado desde janeiro de 2023. Além de tudo o que ainda há por fazer, chama a atenção o esforço do novo governo para desfazer o que parecia bem feito. As fraudes no uso das câmeras por policiais revela o sucesso do desmonte.
Na terça-feira, a pretexto de fazer um balanço do seu primeiro ano, Tarcísio discursou para um grupo de convidados seletos. Serviu à plateia mais de uma hora de autoelogios. Depois, esbarrou na pergunta de um repórter que quis saber em que área o governo paulista ficou devendo no ano de 2023.
Tarcísio iniciou a resposta com uma pergunta: "Eu estou satisfeito com a segurança pública?". Ele próprio respondeu: "Claro que não. Não posso estar". Convertendo sua insatisfação numa resolução de Ano Novo, o governador emendou: "Eu diria que temos mais para fazer na segurança pública".
O governador demora a perceber que, na segurança, sua gestão segue os rastros do padrinho Bolsonaro. Ou seja, caminha para trás. Entre 2019 e 2022, a política das câmeras produziu uma queda de 76,2% na letalidade dos PMs dos batalhões que usaram o equipamento. Caiu também o número de policiais mortos. Tombaram 18 em 2020. Em 2022, seis.
Refratárias ao controle externo, as polícias enxergam no desprezo de Tarcísio o sinal de que as câmeras deixaram de ser levadas a sério. Depois da Operação Escudo, marcada pelos excessos praticados pela polícia na periferia do Guarujá, o esculacho ganhou ares institucionais.
Na área de segurança, o governo paulista é guiado pelo Curupira, um moleque lendário do folclore brasileiro. A característica mais notável do Curupira são os pés virados para trás. Nessa matéria, Tarcísio ainda tem muito a desaprender com o tutor Bolsonaro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário