Às voltas com a febre da polarização, a Argentina vive a síndrome do que está por vir. A cerimônia de posse do novo presidente foi marcada pelos símbolos de mau agouro. Os dois sinais mais eloquentes foram emitidos pelo dedo médio de Cristina Kirchner e pela língua em riste de Javier Milei.
Vaiada ao chegar ao Congresso, a vice-presidente que as urnas enxotaram do poder reagiu com um gesto obsceno.
No seu discurso inaugural, o novo inquilino da Casa Rosada prometeu pulso firme contra "aqueles que querem usar violência ou extorsão para obstruir a mudança". Referia-se aos prováveis protestos de rua dos movimentos sociais e sindicatos peronistas.
Numa eleição em que tiveram que optar entre um representante da ruína e uma incógnita que se aconselha com o cachorro morto, os argentinos votaram com fígado.
No processo eleitoral, o desejo de barrar uma alternativa indesejada fala mais alto do que a preferência, elege-se um mal menor, não um presidente. E um mal, mesmo quando é visto como necessário, precisará ralar muito para demonstrar que pode virar um bem para o país. O brasileiro sabe como isso termina.
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