Pouco antes de Bolsonaro declarar em sua live noturna de quinta-feira que bota a cara no fogo pelo ministro Milton Ribeiro, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo de 15 dias para que o procurador-geral da República Augusto Aras faça uma reflexão.
Para a ministra, é imprescindível investigar todos os envolvidos no escândalo dos pastores que cobram propinas para intermediar a liberação de verbas no Ministério da Educação. Ela mandou abrir o inquérito. Mas estranhou que Aras não tenha incluído Bolsonaro no rol dos investigados.
Impossibilitado de negar os indícios de corrupção que uma dezena de prefeitos abordados pelos pastores já confirmaram, Bolsonaro tenta retribuir a blindagem que o ministro lhe ofereceu. Afirma que Milton Ribeiro é vitima de covardia, pois teria agido de forma exemplar.
Nessa versão, o chefe do MEC teria comunicado à Controladoria Geral da União denúncias relacionadas aos pastores lobistas em agosto do ano passado. O diabo é que nada aconteceu. Pior: o ministro, que também é pastor, continuou recebendo os suspeitos. As verbas públicas intermediadas pelos irmãos continuaram escoando.
Estalando de pureza moral, Bolsonaro declarou que o caso foi enviado à Polícia Federal. Quando? Anteontem, disse o presidente. Ou seja: a PF foi acionada quando o MEC já estava pendurado nas manchetes de ponta-cabeça.
Não se sabe que tipo de loção pós-barba Bolsonaro usa. Mas o presidente deveria tomar cuidado ao colocar a cara no fogo por seu ministro. Óleo de peroba é um produto inflamável.
De resto, convém aguardar pelo resultado da reflexão que Cármen Lúcia encomendou a Augusto Aras.
Consirando-se que Milton Ribeiro disse em gravação captada à sua revelia que abriu as portas do Ministério da Educação para os pastores a pedido de Bolsonaro, a queimadura pode não se limitar à face. Ainda que o procurador não queira procurar, o escárnio esta na cara.
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