terça-feira, 29 de março de 2022

Corrupção chega a 2022 como uma causa órfã



Ao revelar que a maioria absoluta dos brasileiros (53%) acredita que haverá mais corrupção no país daqui para a frente, o Datafolha sinaliza que nem todos brasileiros parecem dispostos a fazer o papel de bobo que os principais atores da sucessão presidencial lhes reservaram no enredo de 2022.

A percepção da sociedade não orna com a tese petistas segundo a qual a anulação de sentenças e a prescrição de crimes faz de Lula um candidato limpinho. Também não combina com a lorota bolsonarista segundo a qual o Brasil vive há três anos e três meses sem corrupção no governo federal.

Restaurou-se a imoralidade no Brasil. O Datafolha sinaliza que o eleitor sente o fedor. Mas convive com outras emergências que o forçam a tapar o nariz e seguir em frente. No auge da Lava Jato, entre 2015 e 2017, a corrupção foi apontada em certo momento como o principal problema do país por 35% dos brasileiros. Hoje, apenas 5% pensam da mesma forma.

A pandemia levou a Saúde para o topo do ranking das preocupações (22%). A inflação colocou a economia na segunda posição (15%). Numa sucessão presidencial polarizada entre Lula e Bolsonaro, tendo o centrão como pano de fundo, o combate à roubalheira tende a se consolidar como uma causa órfã no debate eleitoral.

Sergio Moro acha que tem legitimidade para levantar a bandeira anticorrupção. Mas sua transferência da 13ª Vara de Curitiba para a equipe de Bolsonaro e o convívio amistoso com a família da rachadinha por mais de um ano fizeram do ex-juiz um personagem desconexo. Consolida-se na campanha de 2022 como um antifenômeno eleitoral.

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