quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Lula desmonta armadilha ao equiparar armamentismo de Bolsonaro ao de Chávez


'Bolsonaro adota medidas do manual de Chávez'

Ao equiparar o slogan preferido do Bolsonaro —"O povo armado jamais será escravizado"— ao discurso beligerante de Hugo Chávez, Lula serviu-se do óbvio para desativar a principal armadilha do rival. Para assustar o eleitorado, Bolsonaro diz que o Brasil corre o risco de virar uma Venezuela nas mãos do PT. Quem olha ao redor percebe que, em verdade, o país já se encontra em avançado estágio de venezuelização.

Lula trocou a cumplicidade com a ditadura venezuelana pelo óbvio numa entrevista ao Canal Rural. Ao ser indagado sobre a política armamentista de Bolsonaro, disse ser contra a proliferação de armas. E grudou a retórica do adversário na pregação do ditador companheiro: "É o mesmo discurso que o Chávez fazia." Na verdade, é bem pior, pois Bolsonaro, assim como Chávez, não ficou só no discurso.

Admirador do estilo de vida dos Estados Unidos, Bolsonaro diz conceder aos brasileiros a mesma facilidade que os americanos têm para a aquisição de armas. Lorota. A estratégia bolsonarista tem aroma venezuelano.

Assim como Bolsonaro, Chávez, um coronel golpista, chegou ao poder pelo voto. No início, simulou respeito às instituições. Aos pouquinhos, corroeu a democracia por dentro. Comprou os militares, anulou o Legislativo, calou a imprensa e cooptou o Judiciário. Milícias bolivarianas armadas pelo governo passaram a amedrontar a população.

Qualquer semelhança entre os projetos políticos de Bolsonaro e Chávez não é mera coincidência.

Num discurso de 2006, Chávez revelou a intenção de armar 1 milhã de venezuelanos. Em 2007, fundou a Milícia Nacional Bolivariana. Virou a maior força armada do país. No auge, reuniu 2 milhões de civis voluntários. Essa milícia ajudou a prolongar o regime ditatorial de Nicolás Maduro, sucessor de Chávez, morto em 2013. Sob Bolsonaro, o Supremo suspendeu a vigência de decretos armamentistas depois da aquisição de mais de 1 milhão de armas.

Ao se render ao óbvio, Lula como que autorizou o petismo a adotar o bordão do inimigo: "Vai pra Venezuela!"



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