terça-feira, 27 de setembro de 2022

Discussão de pacto com anistia circula na periferia da disputa presidencial



Surgiu nos subterrâneos da sucessão presidencial uma novidade: a discussão embrionária de um pacto nacional a ser celebrado após a eleição. O objetivo seria a pacificação política do país. Interessaria a Lula e Bolsonaro. Incluiria transição amigável de governo e anistia de encrencas do passado. Os ingredientes foram discutidos abaixo da linha d'água em conversa de um oligarca da política com um ministro com assentos no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Superior Eleitoral.

O autor da ideia é o ex-presidente Michel Temer. Falou em voz alta sobre o assunto num seminário promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, na semana passada. Na formulação de Temer, quem sair vitorioso das urnas "chama a oposição, os 27 governadores eleitos, os chefes de Poderes e organizações da sociedade civil para trabalhar até a posse." Sem isso, avalia Temer, a oposição militante infernizaria o próximo governo, seja quem for o eleito.

Na sexta-feira, de passagem por Minas Gerais, Lula foi indagado numa entrevista sobre a hipótese de concordar com a anistia de Bolsonaro caso seja eleito. Respondeu o seguinte: "A primeira coisa que eu quero é ganhar as eleições, a segunda coisa é montar o governo e a terceira coisa é começar a governar. Eu não vou tomar posse com espírito de vingança de ninguém."

A resposta foi vista em Brasília como aceno. Por isso o tema foi levado ao Supremo, onde tramitam inquéritos estrelados por Bolsonaro. A vocação da política brasileira para produzir acordões burlescos é infinita. Mas a construção soa difícil. Pode dar em muita coisa, inclusive em nada.



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