sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Bolsonaro dispara em 2022 mentiras de 2018



Bolsonaro não disputa eleições. Prefere travar guerras ideológicas. Ele não tem adversários políticos. Fábrica inimigos mortais. No Planalto há quase quatro anos, o capitão comete um erro pueril de estratégia. Entra no combate de 2022 com as armas de 2018.

Numa sabatina amiga da Rede TV, Bolsonaro esgrimiu sem contestações velhas mentiras. Disse, por exemplo, que a educação em governos anteriores era uma "fábrica de militantes". Repetiu que os livros didáticos continham "absurdos simulando crianças fazendo sexo".

Hoje, disse Bolsonaro, todos têm a certeza de que "a garotada irá à escola para aprender física, química, matemática, biologia, história, geografia, e não aprender a fazer sexo a partir de 6 anos de idade."

O problema da tática de Bolsonaro é que, entre 2018 e 2022, construiu-se no MEC um desastre educacional. Passaram pela porta giratória da pasta cinco ministros: o primeiro era uma piada colombiana, o segundo não sabia português, o terceiro apresentou currículo fraudulento, o quarto fez escala na cadeia como coadjuvante de um escândalo estrelado por pastores, o quarto é um zero à esquerda.

Prepostos do centrão plantam bananeira no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, um cofre com mais de R$ 50 bilhões. Superfaturam-se ônibus escolares. Compram-se kits de robótica para escolas que não dispõem de carteira e água encanada.

Bolsonaro demora a perceber. Mas os quatro anos de inépcia e perversão lhe renderam uma aparência de vidraça. Hoje, um escudo talvez fosse mais útil do que velhas mentiras retiradas de um paiol defasado.

Nenhum comentário: