quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Mauro Cid contraria estratégia de Bolsonaro e decide falar à PF sobre caso das joias


O tenente coronel Mauro Cid — Foto: Reprodução/TV Câmara

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid continua nesta quinta-feira na sede da Polícia Federal prestando depoimento sobre o suposto esquema de desvio de joias e relógios do acervo público. Também intimados a depor, o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro já saíram do prédio da PF após recorrerem ao direito de ficar em silêncio.

Esta é a terceira vez que Cid depõe à PF em menos de uma semana. Na sexta e segunda-feira passada, ele ficou por mais de 16 horas diante dos investigadores. Nesta quinta-feira, ele chegou à PF às 9h15 - duas horas antes do horário previsto, às 11h.

Após ficar em silêncio nas primeiras vezes em que foi chamado a depor, Cid mudou de estratégia depois que trocou de advogado pela terceira vez. Ao GLOBO, o criminalista Cezar Bitencourt afirmou que ele está colaborando com as investigações.

— Estamos muito cansados, estamos verificando um monte de material. Tem documentos que a gente tem que analisar, a gente leva horas, papéis, a gente fica movimentando coisas — afirmou o advogado, na última terça-feira.

Os dois depoimentos prestados anteriormente estavam relacionados ao inquérito que apura a suposta contratação dos serviços do hacker Walter Delgatti Netto para invasão das urnas eletrônicas. A oitiva de hoje se refere à investigação de que relógios e joias dados por autoridades estrangeiras foram ocultadas e vendidas no exterior.

Bolsonaro e Michelle adotaram uma linha de defesa diferente da do ex-ajudante de ordens. Em ofício remetido ao Supremo Tribunal Federal, a defesa do casal afirmou que eles só "prestarão depoimento" ou "fornecerão declarações adicionais" quando o caso das joias sair das mãos do ministro do STF Alexandre de Moraes e for remetido à primeira instância. Na visão dos advogados deles, Moraes não é o "juiz natural competente" do processo.

Terceiro criminalista a assumir a defesa do ex-ajudante de ordens, Cezar Bitencourt disse anteriormente ao GLOBO que Cid pretendia assumir à PF as negociações para revenda de um relógio Rolex, recebido por Bolsonaro em viagem oficial. O advogado também afirmou que a carreira do militar foi marcada pelo respeito à “obediência hierárquica” dentro do Exército e que ele “sempre cumpriu ordens”.

É imoral a pressão do PT por um Zanin terrivelmente companheiro


Lula abraça Zanin na posse do ministro no STF

Ao presentear o conservador Cristiano Zanin com uma poltrona no Supremo Tribunal Federal, Lula subverteu a lógica que recomenda a quem tem calos evitar os apertos. O Partido dos Trabalhadores avalizou, com aplausos efusivos e silêncios constrangedores, a escolha de um criminalista por serviços prestados. Agora, o partido de Lula grita em documento oficial contra os votos de Zanin. É como se exigisse que o ministro agradeça a Lula com a toga, mantendo-se como mero prestador de serviços. A pressão oscila entre a inutilidade e a imoralidade.

Em qualquer outro momento, a gritaria partidária seria apenas inútil, pois não reverterá os votos em que Zanin pisou em todas as calosidades do PT ao inaugurar o seu lawfare invertido. Consiste em usar a lei para perpetuar injustiças mesmo admitindo que elas são inquestionáveis em casos como o preconceito odioso contra a comunidade LGBTQ, a violência policial contra indígenas e o encarceramento ilegal de dependentes de drogas ou acusados de furtos de valor insignificante.

A barulheira petista torna-se imoral quando é despejada sobre a conjuntura no instante em que Zanin leva aos refletores o seu voto no julgamento sobre o marco temporal para a demarcação das terras indígenas. Por uma dessas ironias supremas, o PT adota a filosofia bolsonarista ao pressionar Zanin para que se converta numa toga terrivelmente companheira. Ao rejeitar a hipótese de que o ministro seja dependente apenas da Constituição e da sua consciência jurídica, ainda que enviesada, o PT exige fidelidade ao partido, à ideologia e a Lula.

A essa altura, o voto de Zanin no julgamento sobre o marco temporal chama menos atenção do que a percepção de que esquerda e direita no fundo querem as mesmas coisas: uma maioria de magistrados leais, uma Procuradoria-Geral da República que denuncie crimes alheios e um Supremo que prenda os outros, soltando os seus.

Na mesma resolução em que espinafrou as posições de Zanin, o PT lançou o projeto Lula-2026. Será divertido contabilizar os aplausos dos petistas no instante em que Lula, de volta ao palanque, usar o conservadorismo de Zanin para reivindicar o voto do pedaço do eleitorado que ainda devota algum apreço por Bolsonaro. Lula enxerga mais longe do que seu partido.

Estalando de esperteza, Lula cai em todas as arapucas do centrão



O plano parecia engenhoso: Lula trocaria o novo marco fiscal e outras pendências legislativas por emendas orçamentárias, mas adiaria a troca de ministros para passar a impressão de que é ele quem manda na Esplanada, não Arthur Lira. Numa novela que já dura mais de três meses, Lula ferveu vários de seus ministros sem reformar o ministério. Até aqui, caiu em todas as arapucas do centrão.

Espremido, Lula teve que admitir que entregará um par de cofres ministeriais a André Fufuca e Silvio Costa Filho, dois personagens de capacidade técnica e vocação gerencial ignoradas. Numa mexida ministerial de quinta categoria, Lula transforma a articulação para acomodar a dupla na Esplanada num processo de autodesmoralização. Num dia, anuncia a intenção de criar o Ministério da Pequena e Média Empresa. O Republicanos de Costa Filho achou pouco. Prefere a pasta de Portos e Aeroportos, hoje comandanda por Márcio França, do sempre aliado PSB.

No dia seguinte, estalando de esperteza, Lula engordou o ministério que ainda não criou. A pasta dos pequenos negócios virpu Ministério do Esporte e do Empreendedorismo, agora ofertado ao PP. O presidente devolveu a ministra dos Esportes Ana Moser à fervura. E não seduziu o partido de de Lira, que prefere a pasta do Desenvolvimento Social, hoje chefiada pelo petista Wellington Dias.

Ironicamente, Lula cumpre nesta quinta-feira agenda no Piauí, o estado de Wellington Dias. Leva a tiracolo um amigo que foi constrangido nos últimos dias a desperdiçar o seu tempo num esforço para tentar provar que não virou um ministro sem cabeça. Diz-se que Lula está irritado. O centrão está calmo. O grupo de Lira ainda nem acomodou em suas poltronas Fufuquinha e Silvinho, como os dois futuros-quase-ministros são chamados na intimidade, e já prepara a próxima arapuca. Exige de Lula uma reforma ministerial mais ampla para o início de 2024. O centrão nunca fica com raiva. Fica com tudo.

Mauro Cid pode encrencar Michelle e cunhado de Bolsonaro que trabalha com Tarcísio


Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira dama Michele Bolsonaro

Michelle Bolsonaro foi aconselhada por advogados a não fazer mais piada com o escândalo das joias. Além de ser alvo de investigações, Michelle tem um irmão que também aparece em relatório da Polícia Federal e está na mira do Supremo Tribunal Federal (STF). Até agora, o nome dele passou praticamente despercebido, mas o “fogo amigo” no Palácio dos Bandeirantes pôs combustível na trama.

Mensagens de WhatsApp identificadas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mostram que Marcelo Camara, assessor do então presidente, pergunta ao militar sobre “a situação de uma mala’', que “o irmão de dona Michelle teria falado”. Trata-se de Diego Torres Dourado, assessor especial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Irmão de Michelle visitou acampamento golpista, em frente ao Q.G do 
Exército, enrolado na bandeira do Brasil Foto: Reprodução

A mala continha esculturas recebidas por Bolsonaro do Bahrein, como uma palmeira e um barco de ouro, e foi despachada para os Estados Unidos, onde os presentes oficiais das autoridades do Oriente Médio seriam vendidos. Quem acertou a entrega da mala com Mauro Cid, segundo a Polícia Federal, foi justamente o irmão de Michelle.

A “muamba” embarcou no avião que levou o então presidente para Orlando, na Flórida, em 30 de dezembro de 2022, antevéspera da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. As esculturas, no entanto, deveriam ser vendidas em Miami, onde há mais lojas especializadas no comércio de joias.

Segundo a PF, 'irmão da dona Michelle' acertou a entrega de mala com Mauro Cid; Diego Torres Dourado está na mira do STF Foto: Reprodução

Foi por isso que, na troca de mensagens entre Mauro Cid e Camara, o assessor do presidente mencionou a preocupação do cunhado de Bolsonaro com o destino da tal mala.

A estratégia para garantir que a “muamba” chegasse sã e salva a Miami envolveu até o empresário Cristiano Piquet. Foi ele que, meses antes, ajudou a equipe palaciana a encontrar um imóvel para a estadia de Bolsonaro na cidade da Disney. Depois, em visita ao ex-presidente, retirou a mala de Orlando, a pedido de Mauro Cid. Tudo acertado, o general da reserva Mauro Lourena Cid, que morava em Miami, buscou a “encomenda”.

General da reserva Mauro Lourena Cid fotografa caixa de escultura para vender que Bolsonaro ganhou em visita oficial Foto: Reprodução/Relatório da PF

O resto da história é conhecido. O relatório da Polícia Federal mostrou o reflexo da imagem de Lourena, que chefiou o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, tirando fotos dos presentes oficiais desviados para venda.

O receio de Bolsonaro e família, agora, é com a possível delação de Mauro Cid ou mesmo de Lourena, seu pai. Para a Polícia Federal, os envolvidos atuavam como “organização criminosa”, com o objetivo de atacar STF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as urnas eletrônicas e tentar dar um golpe em 8 de janeiro.

Desde que foi nomeado como assessor especial de Tarcísio, também em janeiro, o irmão de Michelle procura ser uma espécie de “facilitador” para os bolsonaristas. Controla páginas não oficiais com informações sobre Tarcísio nas redes sociais e faz contatos com a bancada de apoio ao governador na Assembleia Legislativa. Mesmo assim, deputados do PL de Bolsonaro reclamam da articulação política do Bandeirantes.

‘Rapaz do bem’

Discreto, Diego não fala com a imprensa e é visto até por secretários do governo como “figura estranha”, que chegou a visitar o acampamento golpista montado em frente ao Q.G do Exército, em Brasília, enrolado numa bandeira do Brasil.

Dias depois de empregar o cunhado de Bolsonaro, com salário de R$ 21.563,18, Tarcísio foi “bombardeado” nas redes, mas avisou que não iria dispensá-lo. “Ele é um rapaz super do bem, trabalhador, honesto, que me ajudou muito durante a campanha. É de absoluta confiança. É muito leal e amigo”, descreveu o governador, na ocasião.

Agora, sob o argumento de que sua família é vítima de “perseguição política”, Michelle chegou a ironizar o escândalo do desvio de presentes do acervo presidencial.

“Falam ‘Cadê as joias?’. Eu queria mesmo essas joias para mim. Tudo bem que essas joias não são do meu estilo, mas a gente poderia leiloá-las. (...) Em breve, teremos lançamento: ‘Mijoias pra vocês’. Vou fazer uma limonada docinha desse limão”, discursou a ex-primeira-dama, que é presidente do PL Mulher, ao participar de ato do partido no Recife, no último dia 26.

De lá para cá, porém, o clima azedou ainda mais. No próximo sábado, 2, Michelle comandará novo encontro do PL Mulher, desta vez em Brasília. A cúpula do partido torce para que ela não dê outro “tiro no pé”. Ainda mais agora que uma delação de Mauro Cid paira sobre o clã Bolsonaro e ameaça encrencar não só a vida do ex-presidente como a de Michelle e seu irmão Diego.

PF avança em provas sobre organização criminosa envolvendo Bolsonaro


O ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

As provas obtidas pela Polícia Federal consolidaram a linha investigativa de que uma mesma organização criminosa envolvendo Jair Bolsonaro atuou em frentes que vão de ataques à democracia à obtenção de vantagens indevidas, por meio do aparato público.

Os depoimentos simultâneos de oito investigados realizados nesta quinta-feira, incluindo o ex-presidente e sua esposa, Michelle Bolsonaro, focarão em delinear o papel e os delitos de cada personagem nessa organização, segundo envolvidos nas apurações.

Fontes da PF relataram que há provas consistentes de que o mesmo grupo agia em conjunto e com papeis definidos em todos os casos investigados. Expoente central desse núcleo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid passou a colaborar com os policiais e presta, nesta quinta-feira, seu terceiro depoimento ao longo dos últimos seis dias.

A meta da PF é apresentar, até dezembro deste ano, os relatórios finais dos inquéritos que miram Bolsonaro e seu entorno. O caso que está mais adiantado e deve ser o primeiro a ter indiciados é o que apura a falsificação de certificados de vacina de Bolsonaro, Cid e seus familiares.

Esse prazo, no entanto, depende de fatores externos, como o retorno do pedido de colaboração feito à polícia dos Estados Unidos sobre a venda e compra das joias de Bolsonaro. Além disso, investigadores apontam a possibilidade de acordos de colaboração serem firmados com personagens centrais da organização criminosa.

— Sempre há chance de fazermos delação. É um direito de qualquer investigado fazer esse acordo. Ele só tem que entender que pode colaborar — disse um investigador à coluna.

A superquinta-feira da delação, uma promoção da Polícia Federal



Bons ou maus tempos aqueles em que nos postávamos à frente de um aparelho de televisão a comer pipocas e a beber qualquer coisa, e assistíamos com toda atenção a interrogatórios intermináveis, e a revelações de arrepiar os pelos.

Os mais vidrados no que se passava na telinha, com o celular ao alcance das mãos, trocavam ligações com os amigos e, naturalmente, tiravam conclusões apressadas. Só consultavam os que pensavam como eles, deixando de fora os que discordavam.

Cada um na sua bolha. Quando o PT governava o país, não éramos nós contra eles? Quando o PT começou a cair, e também nos últimos quatro anos, eram eles contra nós, e vida que segue. Seguiu e deu no que vimos com a derrota de Bolsonaro e do golpe.

Nesta quinta-feira (31/8), a Polícia Federal ouvirá o depoimento simultâneo de oito supostos meliantes; supostos porque poderá haver algum inocente entre eles. Todos juram que são. Na Penitenciária da Papuda e em Bangu 8 só há inocentes. Os oito:

* Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;

* Michelle Bolsonaro, a encantadora ex-primeira-dama;

* Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordem de Bolsonaro;

* Mauro Cesar Lourena Cid, general e pai de Mauro Cid;

* Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro;


* Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro;

* Marcelo Câmara, coronel e ex-assessor de Bolsonaro; e


* Osmar Crivelatti, segundo-tenente e ex-assessor de Bolsonaro.

Os depoimentos serão simultâneos para evitar que eles respondam às perguntas de maneira combinada. Nada impede que tenham combinado antes. Ao que tudo indica, Mauro Cid ficará fora de qualquer tipo de combinação.

Desde a semana passada, Mauro Cid passou a colaborar com a investigação sobre o roubo das joias milionárias oferecidas ao Estado brasileiro e surrupiadas por Bolsonaro e sua gangue, e sobre a trama que resultou no golpe fracassado de 8/1.

Na sexta-feira (25) e na segunda-feira (28), ele depôs durante 16 horas. Foi convencido de que só lhe resta falar para diminuir o tamanho de sua pena, se condenado. Com dó do pai, metido por ele na encrenca, e sob pressão da mulher, começou a cantar.

Wassef não tem outra saída que não seja cantar, cantar. Foi ele, em missão dada ainda não se sabe por quem, que voou aos Estados Unidos para recomprar o Rolex vendido por Mauro Cid. Foi ele que devolveu o relógio a Mauro Cid. Está tudo documentado.

Senhor do destino dos depoentes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, proibiu a Polícia Federal de vazar, sem querer ou querendo, o que ouvirá hoje dessa gente, o que já ouviu e o que venha a ouvir. Segredo de Justiça. Uma pena.

Mas se for pelo bem de todos, felicidade geral da Nação e condenação futura dos culpados, que assim seja, amém. Mais cedo ou mais tarde, saberemos.

Governo Lula desistiu de proibir 'Pazuellos' em cargo de ministro


Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), os ministros Alexandre Padilha e José Múcio e os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Renan Calheiros (MDB-AL) após reunião sobre PEC dos MilitaresImagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

O governo decidiu retirar da gaveta uma PEC, proposta de emenda constitucional, que visa despolitizar as Forças Armadas, revertendo um fenômeno que virou os quarteis de ponta-cabeça durante os quatro da gestão Bolsonaro. O projeto estava no gavetão de assuntos pendentes da Casa Civil da Presidência desde março. E sofreu uma lipoaspiração antes mesmo de ser formalmente protocolado no Congresso.

A proposta foi formulada sob a coordenação do ministro da Defesa, José Múcio. Antes de ser remetida ao Planalto, foi endossada pelos comandantes das três Forças. Nesse formato original, uma das alterações proíbe militares que decidem disputar eleições de retornarem aos quadros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica em caso de insucesso. Outra alteração obriga militares da ativa a passarem para a reserva antes de aceitar convites para ocupar cargos de ministro de Estado. O governo decidiu retirar do texto o veto à presença de militares da ativa em ministérios. O recuo é constrangedor e revelador.

Constrange porque, na prática, o governo Lula avaliza uma das mais eloquentes aberrações da gestão Bolsonaro: a passagem do general Eduardo Pazuello pelo cargo de ministro da Saúde. Nesse posto, Pazuello converteu a pasta da Saúde, em plena pandemia, numa espécie de enclave militar. Adotou a linha do "um manda e outro obedece", incorporando às decisões técnicas o negacionismo sanitário que converteu a cloroquina em remédio eficaz contra a Covid e tratou vacinas como bizarrices experimentais.

O recuo é revelador porque escancara a dificuldade de Lula de lidar com um dos temas mais candentes da fase pós-Bolsonaro. Ao suprimir da análise do Legislativo algo que os próprios comandantes das três Forças já haviam assimilado, Lula trata militares como bibelôs, suscetíveis a melindres que não ornam com o papel constitucional de servidores fardados.

Num instante em que deveria patrocinar um debate franco sobre quais Forças Armadas o Brasil deseja ter, o presidente não teve nem mesmo a hombridade de assumir a paternidade da PEC. Delegou ao seu líder no Senado, Jaques Wagner, a tarefa de assumir a autoria de uma proposta que já nasce perneta.

Coube ao próprio Wagner, um senador petista que já ocupou o cargo de ministro da Defesa, a tarefa de justificar o recuo. Alegou que a decisão de disputar eleições é "um ato voluntário" do militar. A nomeação de fardas da ativa para o ministério passa pelo convite do presidente, "uma pessoa que tem legitimidade concedida pelo povo". Esse blábláblá ofende a inteligência alheia.

Lula se sente 'mais livre' para trocar Rosa por homem no STF



Em conversa com integrante do Prerrogativas, grupo integrado por advogados companheiros, um ministro palaciano de Lula usou a palavra "alforria" ao festejar a indicação da advogada Daniela Teixeira para a vaga de Felix Fischer no Superior Tribunal de Justiça. Ele não se referia apenas à contribuição dada por Lula à causa da emancipação feminina. Disse que há agora no Planalto a percepção de que Lula passou a dispor de "mais liberdade" para acomodar um homem na poltrona de Rosa Weber, que completa em outubro 75 anos, a idade limite para pendurar a toga no Supremo Tribunal Federal.

O auxiliar de Lula disse durante a conversa com o advogado do Prerrogativas que o nome da predileção do presidente para a poltrona de Rosa seria o de Jorge Messias, o advogado-geral da União. Citou como "opção secundária" Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União. A suposição de que o envio de uma mulher para o STJ reduzirá a pressão pela escolha de outra mulher para o Supremo é ilusória. Mas Lula parece pautar sua escolha pelo gênero.

Daniela Teixeira será a sétima mulher num colegiado de 33 togas com assento no STJ. No Supremo, há duas mulheres num plenário de 11. Confirmando-se a entrada de um espinho masculino no lugar de Rosa, restará Cármen Lúcia. Numa palestra feita há 15 dias, em Goiás, Cármen deu uma ideia do tamanho da discrepância.

Disse que nos 195 anos de história do Supremo, que começou a ser escrita em 1828, a Corte teve apenas três mulheres. "Demorou até o ano 2000 para que a ministra Ellen Gracie, a primeira, fosse nomeada. O Superior Tribunal de Justiça teve a última mulher nomeada há dez anos."

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Vale do Paraíba e região fecham mês de julho com 1,8 mil novos postos de trabalho, aponta Caged


Região teve 1.852 novos postos de trabalho no mês passado — Foto: Fernando Madeira/Divulgação

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira (30) mostram que o Vale do Paraíba e a região bragantina geraram, no mês de julho, 1.852 novos empregos com carteira assinada.

De acordo com os dados do Caged, o número representa um aumento de 138% se comparado com o mês de junho deste ano, quando foram criados 778 novos postos de trabalho.

Se comparado com o mesmo mês do ano passado, porém, a região teve uma queda de 37% na geração de empregos. Isso porque, segundo o levantamento, em julho de 2022 as 46 cidades da região haviam contabilizado 2.939 empregos formais.

A região também apresentou queda na estatística se comparados os sete primeiros meses de cada ano. De janeiro a julho do ano passado, as cidades da região haviam somado 19.773 empregos com carteira assinada, enquanto neste ano, no mesmo período, foram 15.539 – uma redução de 21,4%.

No mês passado, segundo o Caged, o setor que mais gerou empregos foi de serviços, com saldo positivo de 775 empregos. O setor industrial também teve saldo positivo em julho: foram 634 novos empregos formais, assim como o comércio (548) e a agropecuária (38). A construção civil foi o único setor com saldo negativo: -143 postos de trabalho.

Segundo os dados do Caged, o saldo de julho foi o terceiro menor em um mês neste ano na região, ficando à frente somente de junho (778) e janeiro (1.507). Até então, o mês com mais empregos gerados neste ano foi abril: 3.470.

Saldo do emprego formal no Vale do Paraíba e região bragantina
Veja o mês a mês

20222023JaneiroFevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulho01k2k3k4k5k6k
Fonte: Caged/Ministério do Trabalho

Cidades

No mês passado, a cidade que mais gerou empregos foi São José dos Campos, que fechou com 588 novos empregos formais criados. Campos do Jordão aparece em segundo lugar, com 236, seguida de Pindamonhangaba, com 233.

Das 46 cidades do Vale e região bragantina, 14 tiveram saldo negativo, com destaque para Jacareí, que fechou 310 postos de trabalho. Caraguatatuba, no Litoral Norte, foi outra cidade que teve saldo negativo: perdeu 73 empregos formais em julho (veja a lista abaixo).

Cidades que mais geraram empregos em julho:

  • São José dos Campos: 588
  • Campos do Jordão: 236
  • Pindamonhangaba: 233
  • Bragança Paulista: 220
  • Taubaté: 188
  • Aparecida: 138
  • Atibaia: 134
  • Caçapava: 112
  • Paraibuna: 86
  • Lorena: 85

Cidades que mais perderam empregos em julho:

  • Jacareí: -310
  • Caraguatatuba: -73
  • Canas: -31
  • Roseira: -19
  • Potim: -12
  • Lagoinha: -9
  • Nazaré Paulista: -8
  • Lavrinhas: -8
  • São Sebastião: -6
  • Cachoeira Paulista: -5
No ano, São José também lidera, com 4.409 empregos criados entre janeiro e julho. Pinda aparece em segundo lugar, com 1.868, seguida por Taubaté (1.499), Atibaia (1.408) e Jacareí (1.289).

Dia do Patriota segue cartilha bolsonarista para falsificar a História


Erasmo Dias quando era secretário de Segurança em São Paulo. Na parede, foto de Ernesto Geisel, quarto presidente da ditadura militar — Foto: Silvio Correa/Agência O Globo

Em Porto Alegre, vereadores aprovaram um projeto que transforma o 8 de janeiro no Dia do Patriota. Em São Paulo, deputados mudaram o nome de um viaduto para homenagear um coronel da ditadura.

As duas iniciativas foram contestadas no Supremo Tribunal Federal. Seus objetivos eram os mesmos: causar indignação, falsificar a História, alvoroçar a extrema direita.

A celebração gaúcha foi proposta pelo ex-vereador Alexandre Bobadra, que se diz conservador e cristão. Ele ajudou a difundir as mentiras sobre a urna eletrônica que embalaram a intentona golpista.

“Ser patriota é sentir amor genuíno pela cultura da nação”, justificou, ao propor a data comemorativa. Faltou combinar com os correligionários que vandalizaram obras de arte e depredaram edifícios tombados.

Conhecido por xingar o Papa, o ex-deputado Frederico d’Avila propôs homenagem a Erasmo Dias, símbolo da repressão militar. O coronel comandou a violenta invasão da PUC em 1977. Mais tarde, usou o estilo brucutu para alçar voo solo na política.

A exaltação a golpes e golpistas não é novidade na política brasileira. O então deputado Jair Bolsonaro se projetou ao enaltecer o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra na votação do impeachment de Dilma Rousseff.

O Conselho de Ética da Câmara se recusou a puni-lo pela quebra de decoro. A leniência abriu caminho para o capitão chegar ao Planalto, onde manteria a democracia sob ataque permanente.

“É fácil entender as razões que levam governantes com vocação para autocratas a fraudar a História”, escreveu a professora Heloisa Starling em ensaio no jornal literário Pernambuco.

O texto explica como a extrema direita fabrica utopias regressivas, idealizando o passado ditatorial para mobilizar eleitores. “Quando as linhas divisórias entre verdade e fraude ficam indistintas, deixa de existir uma base factual para se questionar o poder”, alerta.

Provocado, o STF suspendeu o Dia do Patriota e instou o governador Tarcísio de Freitas a explicar a homenagem ao coronel. A Corte fez bem, mas seria melhor se os políticos que se dizem democratas tivessem agido antes. A omissão deles permitiu que as provocações autoritárias virassem leis.

38º ministério de Lula é tão bom que nem a turma do centrão quer


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante programa Conversa com o PresidenteImagem: Agência Brasil

Vem aí o 38º ministério de Lula. Vai se chamar Ministério da Pequena e Média Empresa. Ao anunciar a novidade, o presidente insinuou que deseja atender ao cidadão que "quer ser empreendedor individual, empreendedor coletivo." Declarou que a nova pasta vai cuidar "dessa gente que precisa de crédito e de oportunidade". O blábláblá de Lula é a mais recente tradução da expressão conversa fiada.

Os negócios individuais e os empreendimentos modestos já dispõem de um guichê na Esplanada. Funciona numa Secretaria de Micro e Pequenas Empresas, no Ministério de Indústria e Comércio, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Bastaria a Lula turbinar essa secretaria.

O presidente deseja converter a secretaria da pasta de Alckmin num ministério autônomo não para atender aos empreendedores nacionais, mas para oferecer novas oportunidades de negócio ao centrão. O diabo é que o novo ministério pareceu tão promissor que nem os sócios de Arthur Lira se interessaram por ele.

O centrão não quer saber de micro e pequenos empreendimentos. Está atrás de grandes negócios. Lula é compelido a improvisar. Cogita, por exemplo, transferir Márcio França, amigo e correligionário de Alckmin, para a nova pasta.

Nessa hipótese, o Ministério de Portos e Aeroportos, hoje chefiado por França, iria para Silvio Costa Filho, do Republicanos, o partido de Tarcísio de Freitas. O petismo torce o nariz. Restaria ainda a Lula definir o cofre a ser entregue a André Fufuca, do PP de Arthur Lira.

Contra esse pano de fundo, o brasileiro que se escorar no lero-lero de Lula para empreender arrisca-se a quebrar antes de levar um carrinho de pipoca às ruas.

Canta, canta Mauro Cid, deixa a tristeza pra lá



Logo quando o passarinho põe a cara fora da gaiola e começa a cantar, vem o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e ameaça trocar os agentes federais que o escutam caso qualquer som vaze para o distinto público.

Não é maldade que se faça com ninguém. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro, finalmente se dispõe a contar o que nunca contou, e Moraes não quer que ninguém por enquanto fique sabendo, só ele e a Polícia Federal.

Aqui está o pouco que vazou. Foi por obedecer a ordens do alto (leia-se: Bolsonaro) que o passarinho que veste farda providenciou certificados falsos de vacina contra a Covid para o ex-presidente e sua filha Laura. Providenciou também para sua própria mulher.

Foi por obedecer a ordens do alto que o passarinho embarcou no avião presidencial levando para os Estados Unidos no ano passado parte das joias roubadas. Ali, algumas foram vendidas e mais tarde recompradas para esconder o crime.

O passarinho livrou seu pai, um general, de qualquer culpa na operação. Não sei que argumentos usou, mas se empenhou em livrá-lo de culpa. E contou (ou cantou) coisas desconhecidas sobre outras joias que desapareceram sem que muitos soubessem.

Mauro Cid está disposto a contar muito mais no novo depoimento marcado para amanhã, quando Bolsonaro, Michelle e o advogado Frederick Wassef também serão ouvidos. Se Wassef não aparecer, será buscado onde estiver. Condução coercitiva serve para isso.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

SAÚDE: Homens casados têm níveis mais baixos de testosterona, revela estudo


Níveis mais baixos de testosterona podem 'refletir o estresse da vida familiar, incluindo as crianças no agregado familiar”. — Foto: Freepik

Acredita-se que o estresse de ter uma família seja o responsável por essa característica

Um estudo publicado recentemente na revista científica Annals of Internal Medicine descobriu que que homens casados têm, em média, níveis mais baixos de testosterona do que aqueles que permanecem solteiros. É possível que o estresse de ter uma família seja o responsável por essa característica.

Pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental analisaram 11 estudos envolvendo mais de 25 mil homens. Todos os estudos foram realizados antes de 2020. Em cada um deles, os níveis de testosterona foram medidos repetidamente ao longo do tempo usando uma técnica chamada espectrometria de massa.

Os resultados não encontraram uma diferença significativa nas concentrações médias de testosterona em homens com idades entre 17 e 70 anos. Mas após os 70 anos de idade, o nível de testosterona tendeu a diminuir, em média.

Os pesquisadores decidiram então analisar fatores de estilo de vida que podem afetar a testosterona além da idade, como ser casado ou solteiro. Os resultados mostraram que aqueles que são casados ​​ou estão em um relacionamento têm níveis médios de testosterona mais baixos.

Essa associação foi mais fortemente observada em estudos que analisaram homens de meia-idade, e menos nos homens mais velhos. De acordo com os pesquisadores, “isto pode refletir o estresse da vida familiar, incluindo as crianças no agregado familiar”.

Pesquisas anteriores mostraram que o estresse pode reduzir a quantidade de testosterona produzida pelos homens. Mas esta é apenas uma possível explicação, uma vez que o estudo não foi concebido para estabelecer uma relação de causa e consequência.

“Uma possível explicação poderia ser que os homens casados ​​e com famílias podem estar mais estressados ​​e, portanto, ter níveis mais baixos de testosterona, mas o nosso estudo não foi concebido para analisar mais profundamente este resultado", disse o médico Bu Yeap, da Universidade da Austrália Ocidental, que liderou a análise.

Também não está claro até que ponto essa modesta queda na testosterona observada em homens casados, que ainda têm uma quantidade normal do hormônio, pode afetá-los.

Os pesquisadores também descobriram que os homens que não praticavam mais do que 75 minutos de atividade física vigorosa por semana tinham, em média, níveis mais baixos de testosterona do que os homens mais ativos. Os níveis de testosterona também foram mais baixos em homens com peso mais elevado, com base no índice de massa corporal (IMC).

Concentrações mais baixas de testosterona já foram associadas a um maior risco de desenvolver diabetes e demência e a maiores chances de morte precoce.

As concentrações de testosterona também foram ligeiramente mais baixas em homens que eram ex-fumantes, em comparação com aqueles que nunca fumaram, e naqueles com pressão alta e com histórico de alguns problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares.

Os autores dizem que esses fatores devem ser levados em consideração antes que os homens sejam informados de que têm testosterona anormalmente baixa.

Evidências anteriores mostraram que os homens observam um declínio no seu nível de testosterona quando estão esperando um filho, e os homens cuja testosterona cai mais investem mais nos filhos e obtêm mais satisfação em serem pais.

Em possível delação, Mauro Cid tentaria salvar o pai e a imagem do exército



Míriam Leitão analisou, no Conexão GloboNews, os efeitos de uma possível delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. As apurações dão conta de que o militar, preso desde o mês de maio, estaria próximo de decidir falar o que sabe a fim de preservar a sua família.

Mauro Cid teria como objetivo, de acordo com a jornalista, afastar as investigações da sua esposa e principalmente do seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, que acabou envolvido no caso das joias recebidas e posteriormente vendidas pelo ex-presidente da República.

“O que Mauro Cid tem a ganhar com uma eventual delação? Uma redução da pena, porque ele já está muito envolvido com vários crimes. Então ele tem que confessar, mas tem que fazer um movimento a mais, porque com esse movimento ele protege o pai dele. Vamos lembrar que o pai dele foi envolvido, tem o reflexo na foto, a conta, o dinheiro que pode ter transitado na conta do pai. Então o movimento dele fazer a delação pode ajudar a proteger o pai”, avaliou a comentarista.

Míriam Leitão lembrou que Cid vem de uma família de militares e era considerado promissor, sendo esperado que no futuro ele se tornasse general como o pai – algo que não deverá mais acontecer. Assim, a delação também poderá tentar preservar a lisura do Exército, também muito envolvido em possíveis crimes cometidos na gestão Bolsonaro.

“Ele é um anjo caído. Ou seja, ele era considerado um menino bem-sucedido, um menino bom, que chegaria a general. (...) Mas ele pode salvar alguma coisa desse incêndio: a imagem do Exército. Ele pode dizer: ‘eu fiz isso, mas foi sob ordem do presidente nesse constrangimento’. Então ele pode fazer um movimento em que ele ajuda o pai dele e faz essa fronteira entre o que ele fez sob ordem do presidente e o Exército, porque o Exército está trabalhando para salvar a própria imagem”, explicou.

Alvo de operação da PF, deputado que disse ter financiado golpistas tomou posse com mulher no colo e ameaçou atirar em vereadora


Deputado Amauri Ribeiro — Foto: Ruber Couto/Assembleia Legislativa de Goiás

Polêmicas do Deputado Amauri Ribeiro:

Ameaça contra vereadora

O parlamentar coleciona polêmicas ao longo da trajetória. Em 2021, por exemplo, afirmou que a vereadora de Goiânia Luciula do Recanto (PSD) merecia "um tiro na cara", o que rendeu uma investigação na Polícia Civil. Na ocasião, ele ameaçou a parlamentar, militante da causa animal, por supostamente ter invadido uma casa para salvar um cachorro vítima de maus tratos.

— Eu fico ‘puto’ quando vejo uma vereadora invadindo a casa de um cidadão, igual essa vereadora de Goiânia aí, que se diz protetora de animais. Arrebenta um portão da casa de cidadão sem mandado, sem ordem judicial, porque ela não é polícia, nem com ordem ela podia, e invade uma casa. Pra mim, merecia um tiro na cara — disse o deputado.

Deputado Amauri Ribeiro em 2021 — Foto: Reprodução

Réu por racismo

Neste ano, ele se tornou réu por racismo após postar foto de mão branca apertando punho negro com frase: 'Na minha família não'. A imagem foi veiculada em seu Instagram em abril de 2022 e gerou uma investigação do Ministério Público acatada pela Justiça.

Segundo o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), o deputado objetivou "demonizar" pessoas gays, colocando-as como "uma ameaça ao modelo heterossexual", fato que, conforme a polícia, extrapola a liberdade de expressão.

Deputado Amauri Ribeiro é réu por racismo — Foto: Reprodução

Mulher sentada no colo em posse

As polêmicas decorrem desde antes de se tornar deputado estadual. Quando tomou posse em 2019, Amauri viralizou nas redes sociais por tomar posse com a mulher sentada no seu colo.

Com a mulher Cristhiane Rodrigues Gomes Ribeiro, de 41 anos, sentada em sua perna esquerda, ele tomou posse para a vaga na Alego. À ÉPOCA, na ocasião, ele fez pouco caso da repercussão.

— Era minha esposa, não era nenhuma prostituta. Uma mulher com quem vivo há quase 25 anos e com quem tive três filhas — disse. — E outra: é muito comum minha esposa sentar em meu colo em qualquer evento que vou na cidade.


Deputado viralizou por tomar posse com esposa no colo — Foto: Reprodução

Agressões

Quando era vereador, partiu para cima de um colega da oposição que tinha deficiência física porque discordou de sua fala, que denunciava funcionários-fantasmas na prefeitura. Em outra ocasião, agrediu um homem numa obra, quando soube que a “peãozada” não estava recebendo.

“Eu danei com ele, que era uma bichona doida. O rapaz veio para meu rumo, eu tomei a enxada e contive ele”, disse, antes de pontuar que sabe técnicas de artes marciais. “Coloquei ele no chão, não dei um tapa. Levaram o cara no corpo de delito e até hoje não sei como que ele está vivo, de tantos machucados que apareceram”, ironizou.

Muitas vezes, ia tomar satisfação pessoalmente na Câmara Municipal, situação que quase sempre terminava com xingamentos e dedos na cara. No meio do mandato de prefeito, bateu em sua filha de 16 anos — que denunciou o caso à polícia — ao flagrar no celular fotos íntimas dela com um namorado, para “garantir os bons costumes”. O caso foi parar em todos os jornais da região.

'Eu também deveria estar preso'

Em junho, durante discurso na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Ribeiro afirmou que "também deveria estar preso", por ter ajudado o acampamento.

— A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Mande me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei. Eu levei comida, eu levei água, eu dei dinheiro. Eu acampei lá e também fiquei na porta. Porque sou patriota.

Posteriormente, Ribeiro disse que a fala foi distorcida. O deputado chegou a pedir para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negar um "eventual pedido de prisão" que fosse apresentado contra ele.