quinta-feira, 8 de setembro de 2022

A impunidade de Bolsonaro nos crimes do 7 de setembro mostrará o grau de erosão da democracia



A prova de como está adiantado o processo de erosão da democracia brasileira com Bolsonaro é a sensação geral de que, mesmo a oposição estando certa em denunciar crime de abuso de poder político pelo presidente da República, ele ficará impune. Ele cometeu diversos crimes eleitorais no Sete de Setembro. Os partidos estão, com razão, entrando com ações na Justiça eleitoral, mas o temor é o de nada aconteça. Não vai porque o procurador-geral eleitoral chama-se Augusto Aras, que, como procurador-geral da República, tem feito tudo o que pode fazer para não apurar os crimes de Bolsonaro.

Há quem considere um alívio não ter havido “golpe” ontem. É um erro. A democracia está escapando pelos nossos dedos, nos a estamos perdendo. Não podia haver o que houve ontem, essa grosseira mistura entre uma comemoração que seria de todos os brasileiros em um comício eleitoral de um partido. O golpe está em curso, porque ele é esse contínuo minar das instituições que Bolsonaro pratica.

Obteve muita atenção a vulgaridade da fala do presidente, alguns pontuaram que ele não xingou ministros do Supremo nem atacou urnas eletrônicas. Ora, isso não é favor, nem prova de moderação. Mas ele fez um ataque frontal às leis eleitorais e à Constituição. E sim ele fez ameaças. Por duas vezes, ele puxou coro contra o STF, tanto em Brasília como no Rio. Disse ainda que se for reeleito, vai botar quem joga fora das quatro linhas, dentro das quatro linhas, foi uma ameaça também. Na cabeça dele, ele está respeitando a Constituição, e quem desrespeita é o Supremo e a imprensa. Houve um momento no Rio que ele falou o seguinte, referindo-se à esquerda, “esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública”. Numa democracia, você tenta vencer seu adversário, não extirpá-lo.

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