quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Fuga de debate descredencia Lula para voto útil



Realiza-se neste sábado, a oito dias da eleição, o debate presidencial do SBT em conjunto com um pool de empresas de comunicação. Frequentando as pesquisas em posição vantajosa, na margem de erro para obter uma vitória no primeiro turno, Lula decidiu não comparecer. Alega-se no comando da campanha petista que a motivação é tática, pois um favorito não deve correr riscos na reta final. O diabo é que, ao brincar de esconde-esconde, Lula ofende a inteligência alheia. E anima o adversário.

A rota de fuga é ofensiva porque Lula percorre os bastidores articulando o voto útil, aquele que leva eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet para a canoa petista desde que a reeleição de Bolsonaro seja sepultada já no primeiro turno. Ora, quem deseja seduzir o eleitorado dos outros deveria submeter-se ao contraditório, para provar que a troca antecipada da preferência pela exclusão vale a pena.

A fuga deixa Bolsonaro animado porque, sem Lula, o debate ganha para o capitão perna de pau a aparência de um pênalti batido aos 45 minutos do segundo tempo contra uma trave sem goleiro. Perdendo de goleada, o presidente sinaliza a intenção de comparecer. Uma evidência de que, em privado, leva a sério as pesquisas que desqualifica em público.

O time de Lula sustenta que sua vantagem não será anulada em uma única partida. Informa-se, de resto, que ele comparecerá ao debate da TV Globo, na quinta-feira da semana que vem. O que Lula e seus estrategistas fingem não notar é o seguinte: por enquanto, não está em questão a capacidade do favorito de vencer o campeonato, mas a existência ou não de uma prorrogação.

Deixar o gol vazio no sábado, no pressuposto de que Bolsonaro chutará todas as bolas para fora é algo temerário. Sobretudo quando se leva em conta que Ciro e Simone estarão em campo para aproveitar os rebotes. No limite, o medo e a arrogância podem custar a Lula o segundo turno sangrento que ele gostaria de evitar.

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