quinta-feira, 19 de outubro de 2023

CPI desmontou o blábláblá terraplanista do autogolpe


Parlamentares comemoram na praça dos Três Poderes a aprovação do relatório final da CPI do 8/1I, que apontou Bolsonaro como autor dos atos golpistas

Após cinco meses de trabalho, terminou a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o 8 de Janeiro. Autor do requerimento que levou à instalação da CPI, o deputado bolsonarista André Fernandes descobriu da pior maneira que a diferença entre a genialidade e a estupidez é que a genialidade tem limites. Antes mesmo da delação de Mauro Cid e do rastreamento das pistas descobertas pela Polícia Federal nos celulares do bolsonarismo, estava entendido que não haveria borracha capaz de apagar da tentativa de virada de mesa as digitais de Bolsonaro e dos seus cúmplices .—os paisanos e os fardados.

O relatório final da CPI traz um roteiro compreensível dos fatos que levaram à invasão das sedes dos Três Poderes. O texto da relatora Eliziane Gama desfaz o blábláblá terraplanista segundo o qual o quebra-quebra foi obra de esquerdistas infiltrados a serviço de um golpe que Lula tramou contra si mesmo para incriminar Bolsonaro.

Embora dispusesse de maioria folgada, a banda governista da CPI não quis convocar Bolsonaro. Para não dar palco a um inelegível, os aliados de Lula cogitaram convocar uma acareação entre o capitão e o tenente-coronel Cid. Voltaram atrás. Eliziane indiciou uma dezena de oficiais sem submeter a maioria deles à ribalta de uma inquirição. No relatório final, excluiu do rol de encrencados o general Gonçalves Dias, que chefiava o GSI no dia da invasão e foi inepto da proteção do prédio do Planalto.

Politicamente, a CPI produziu o oposto do que desejavam seus idealizadores. Convocada pela oposição, revelou-se um míssil disparado pelo bolsonarismo contra o próprio pé. Do ponto de vista jurídico, o relatório aprovado por 20 votos a 11 é uma peça inócua. Não contém nada que já não esteja sob investigação da Polícia Federal. O documento vai à Procuradoria-Geral da República. Ali, valem as provas coletadas pela PF.

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