Avaliação de interlocutores do governo é de que anúncio, feito de forma açodada, ampliou crise por falta de planejamento |
O veto da Índia à exportação para o Brasil das 2 milhões de doses da vacina de Oxford desenvolvida na planta indiana da AstraZeneca pegou de surpresa o governo de Jair Bolsonaro e frustrou os planos do Ministério da Saúde de anunciar ainda esta semana a data para um “Dia D” de vacinação nacional.
Fontes ligadas à pasta de Eduardo Pazuello afirmam que o dia 23 de janeiro seria o escolhido para dar início à aplicação das doses em instituições de longa permanência — como abrigos e asilos — em todo o país. A solução indiana havia sido dada pela própria farmacêutica, que encaminhou todo o protocolo de encaminhamento da Fiocruz junto ao Instituto Serum.
O episódio envolvendo a suposta importação azedou de vez o clima entre as diferentes áreas técnicas do governo envolvidas na busca pelo imunizante. Além de revelar falta de planejamento, com um anúncio de importação sem clara articulação diplomática com as autoridades da Índia, o movimento lançou luz sobre falhas profundas na organização do Ministério da Saúde com a Fiocruz.
Afinal, nesse estágio da pandemia, na avaliação de técnicos da Saúde, não era para o governo estar batendo na porta de outros países para importar doses de vacina.
O correto, em um governo planejado, seria já ter a produção interna do imunizante pela própria Fiocruz, uma lacuna grave de estratégia que lançou ainda mais pressão sobre as autoridades responsáveis pelo atraso no início da vacinação.
Monitoramento de redes do governo mostra que o avanço da vacinação em países vizinhos tem cobrado um preço caro ao Planalto em termos de popularidade. É esse sangramento na popularidade do governo que tem tirado o sono de ministros da área política, que pressionam as autoridades da área de saúde a apresentar respostas que façam o noticiário “virar”.
Nesse drama para mostrar trabalho em meio ao atraso no plano de vacinação, a avaliação é de que o anúncio prematuro da importação de doses agravou ainda mais a imagem de desordem no governo. “Anunciam a importação de um produto sem que o país exportador tenha sequer concordado? É nesse desespero que estamos vivendo”, diz um interlocutor da Saúde.
Na Veja.com
Um comentário:
BBC News Brasil 4/1/21 - "Após aparente ameaça de Bolsonaro, MP do Rio diz que presidente deve formalizar denúncia e apresentar provas".
Bolsonaro questionou, "Agora o MP do Rio, presta bem atenção aqui, imagine se um dos filhos de autoridades do MP do Rio fosse acusado de tráfico internacional de drogas: O que aconteceria, MP do Rio de Janeiro? Vocês aprofundariam a investigação ou mandariam o filho dessa autoridade para fora do Brasil e procurariam maneira de arquivar esse inquérito?".
Pela cadência da marcha política-miliciana, é de se perguntar: A nação ainda acabará assistindo à "oficialização do direito à impunidade para foros privilegiados e extensivos aos seus familiares e amigos"?
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