segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A incompetência do governo passa dos limites




‘O Brasil está quebrado, e eu não posso fazer nada’, afirmou o presidente. E jogou a culpa na mídia por exagerar a pandemia. Já se falou na leviandade e nas possíveis consequências econômicas dessas palavras. Não faltou quem, com todas as letras e dados numéricos, demonstrasse que, além de irresponsabilidade, trata-se de mentira pura e simples. Afinal, ele corta impostos de videogames, armas e igrejas, dá aumentos a policiais, anistia desmatadores e criminosos ambientais, multiplica privilégios a militares. Tudo em crescente aumento de gastos públicos e perda de arrecadação. E, ainda por cima, não faz nada para melhorar o ambiente de negócios ou diminuir o custo Brasil — o que ficou evidente com os anúncios da saída da Mercedes e da Ford do país, ou o PDV do Banco do Brasil.

No entanto a aparente besteira dita por Sua Excelência atinge seu objetivo — sempre o mesmo. O de criar polêmica, fazer discutir o irrelevante, distrair a plateia e desviar as atenções dos problemas de sua família na área criminal. Enquanto se discute a quebradeira, não se fala em rachadinha. E ele manobra para manter o cargo, ser reeleito e assegurar impunidade a todos os seus.

Entre quebras e rachaduras, adquire proporções nacionais o fenômeno da cidade partida. Na sociedade dividida deste país partido, de riqueza não repartida, multiplica-se a segregação, apartando privilegiados e ferrados. De quebra, o pessoal das quebradas se vira como pode, multiplicando quebra-galhos. Juntando os cacos. Ora caindo no papo furado, ora indiferente. Por quanto tempo mais vai funcionar esse lero-lero?

Os mortos da Covid-19 se aproximam de 210 mil. A incompetência do governo passa dos limites. Outros países já vacinam há mais de um mês, enquanto aqui só começou ontem. Até quando essa conversa para despistar ainda vai colar?

Chega uma hora em que os trincamentos viram ruptura, e os pés de barro não sustentam mais ídolos, mitos e mentiras. Então eles quebram a cara. Ou tudo se esfacela de uma vez.

Um comentário:

AHT disse...

Corrupção, Educação Falida e Cidadania Fragilizada


A aceitação da corrupção e dos corruptos começa nos municípios, onde os eleitores, mesmo conhecendo e conscientes de quem é quem, elegem corruptos em troca de algum favor, ou “apenas por amizade ou consideração aos seus pais e familiares, boas pessoas”.

Os vícios e terríveis defeitos da política no Brasil também são reflexos históricos do mandonismo do coronelismo originado no período colonial, quando era absoluto o poder do chefe local, evoluindo para formas mais elaboradas de controle e, enfim, ao atual e explícito jogo do toma lá dá cá, ao ponto de paralisar planos, medidas e mudanças mais do que necessárias à recuperação do país. Inevitavelmente, a corrupção se faz presente.

O comportamento do povo, tornado submisso, dependente e manso pelos coronéis de então - os senhores de engenhos e fazendeiros -, ajuda-nos a entender a cidadania passiva e a existência dos currais eleitorais até os dias de hoje.

Assim como podemos entender o porquê da cidadania passiva e a existência de currais eleitorais, também é possível notar que os valores e atitudes herdados do período do coronelismo continuam influenciando o modus operandi do mundo político brasileiro atual. Os “coronéis” do passado agora são os empoderados e respeitados “chefes políticos” e, como em toda hierarquia, coordenados por um “poderoso chefão". Enfim, trata-se de um poder político cuja prioridade não é o país, são os seus próprios interesses e a gana por fortunas.

Esse poder político e seus partidos é representado por verdadeiras organizações político-empresariais. São praticamente imbatíveis e, vez ou outra, sofrem alguns arranhões causados por alguns competentes e corajosos agentes da lei e da ordem, logo recolocados em seus devidos lugares.

Ora, se os seus membros cometem ilicitudes oportunizadas pelo poder conferido pelo exercício de cargos públicos, então são organizações criminosas político-empresariais. Para esses, a corrupção virou um direito e a impunidade uma quase certeza absoluta.

Diante dessa aberração político-criminosa, entende-se porque a Educação é uma das últimas prioridades do governo. Pelos interesses e objetivos a longo prazo dos “chefes e poderosos chefões”, a Educação está e será mantida falida. Assim fica mais fácil manter as novas gerações como se fossem bezerros e garrotes, futuros bovinos em pastos que, ao invés de produção de leite e carne, garantem a eles, políticos e empresários corruptos, desviarem o máximo possível do dinheiro dos cofres públicos federais, estaduais e municipais.

Nos poderes estaduais e no federal, o poderio dos políticos é concentrado nas respectivas capitais, onde têm, bancados pela União e Estados, os seus gabinetes, assessorias especializadas em diversas áreas e, se não bastasse, também contando com experts e consultores externos em operações que vão de interpretações e proposições de leis, portarias, normas e propositais brechas, até de balcões de negócios atendendo lobistas e clientes especiais, além de doleiros e lavadores de dinheiro.

Ao contarem com a profissionalização tanto no ambiente institucional como em atividades paralelas relativas aos seus interesses não institucionais, são aquinhoados com as seguintes vantagens: os riscos são minimizados; maior certeza de impunidade; boas perspectivas de sucesso em reeleições; apadrinhamentos para indicações de cargos desde baixos escalões até para a alta corte; acompanhamento do Orçamento e distribuição de verbas que contribuirão para a manutenção de currais eleitorais. Essa comunidade corrupta preza o lema, “No Orçamento nada se perde, tudo se aproveita”.

Pelo visto, essa aberração político-criminosa conseguiu seus intentos. A cidadania está tão fragilizada, que o povo não está reagindo contra os mandos e desmandos à Saúde Pública, mesmo com essa pandemia causando mais de 210 mil óbitos e mais de 8,5 milhões casos de Covid-19.

Neste atual ambiente político está cada vez mais difícil encontrar os políticos honestos e justos.


AHT
18/01/2021