sábado, 12 de agosto de 2023

Novo PAC é um Programa de Aceleração da Candidatura



Ao anunciar o Novo PAC, Programa de Aceleração da Candidatura, Lula inaugura com três anos, quatro meses e 20 dias de antecedência o canteiro de obras de 2026. Nas versão anterior, o PAC deixou um rastro pegajoso de desvios e de construções inconclusas. A principal obra do programa foi a conversão de um poste sem luz em presidente da República. Hoje, com Dilma Rousseff exilada no banco dos Brics, Lula prioriza um empreendimento pessoal: o quarto mandato. Sua pressa mata o Tesouro Nacional de susto e o bolsonarismo de raiva.

Abstraindo o fermento de parcerias privadas e estatais que elevariam os investimentos do PAC ao hipotético patamar de R$ 1 trilhão, o governo promete reservar no orçamento federal R$ 60 bilhões por ano para obras —R$ 240 bilhões até 2026. Um susto para o Tesouro, que projeta déficit zero já para 2024. O Planalto quer descontar da meta até R$ 5 bilhões do programa de obras. E compra no balcão do centrão um ajuste na proposta de nova regra fical que abre brecha para gastos adicionais de R$ 40 bilhões.

Sob uma ótica estritamente política. o velho PAC era uma arma do petismo para detonar adversários na guerra do "nós contra eles". O novo programa contém iscas de Lula para atrair adversários, encostando a frente ampla de 2022 no cercadinho de Bolsonaro. Até governadores bolsonaristas foram convidados a enfiar dentro do pacote federal obras prioritárias para os seus estados. Além de enraivecida, a oposição bolsonarista está zonza.

Com método, Lula armou o "PACmício" desta sexta-feira no Rio de Janeiro, berço político de Bolsonaro. Convidado, o governador paulista Tarcísio de Freitas preferiu enviar representante. O mineiro Romeu Zema fez mistério sobre sua presença. A ausência do bolsonarismo preencheu lacunas na cerimônia estrelada por Lula.

Prever os efeitos do PAC sobre o PIB exigiria um exercício de quiromancia. Mas a movimentação de Lula produziu um notável contraste, pois as únicas novidades na seara da oposição são o aval de Tarcísio à chacina da PM em Guarujá e a frase em que Romeu Zema comparou estados nordestinos a "vaquinhas que produzem pouco".

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