sexta-feira, 8 de abril de 2022

Jair Renan, vítima do comunismo ou malandrão?



Jair Renan Bolsonaro se diz "revoltado" com o inquérito aberto contra ele na Polícia Federal. A revolta do Zero Quatro revela que, a exemplo do pai e dos irmãos, ele também acha que não deve nada a ninguém. Muito menos explicações.

O filho do presidente é protagonista de inquérito sobre tráfico de influência e lavagem de dinheiro na administração pública. O processo foi aberto em março do ano passado, a pedido de parlamentares da oposição. O depoimento deveria ter ocorrido em dezembro. Mas o investigado não apareceu. Alegou que estava doente. Pesa contra ele a acusação de que usou sua empresa dele para aproximar do Ministério do Desenvolvimento Regional um grupo empresarial do setor de mineração e de construção civil.

Apurou-se que o grupo presenteou o filho do presidente e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, com um carro avaliado em R$ 90 mil. Um mês após a doação, representantes da empresa, acompanhados de Jair Renan, tiveram um encontro com o ministro Rogério Marinho. O rapaz admite que esteve na reunião. Mas diz que entrou mudo e saiu calado. Investiga-se o uso gratuito de uma produtora de vídeos que presta serviços ao governo para fazer a cobertura —com fotos e vídeos— de evento da empresa criada por Jair Renan.

A revolta de Jair Renan contrasta com seu padrão de vida. Meses atrás o buliçoso rapaz, 23 anos, mudou-se com a mãe para uma mansão no bairro mais chique de Brasília avaliada em R$ 3,2 milhões. O valor de mercado do aluguel do imóvel elegante —coisa de R$ 15 mil.

Segundo o advogado de Jair Renan, o notório Frederick Wassef, o filho do presidente é vítima de mentiras produzidas pela oposição comunista para prejudicar o pai presidente. A tese do complô dos comunistas é reconfortante. Ou é mais um complô para embaraçar o presidente ou o país está diante de um fabuloso mal-entendido, de uma sequência impressionante de coincidências maliciosamente interpretadas que acabou fazendo um filho modelo de um pai exemplar parecer um malandrão.

Por Josias de Sousa

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