quinta-feira, 7 de abril de 2022

Brasil se habitua ao vexame na área da Educação



Quando Bolsonaro assumiu a Presidência, em 2019, o novo governo vendeu a ideia de que o Ministério da Educação seria um local ideal na máquina pública para o surgimento de uma gestão inteiramente nova. Caos não faltava.

Hoje, a nove meses do término do mandato, verifica-se que o novo pode ser uma coisa muito antiga. Normalmente, as notícias sobre o MEC saem na editoria de Educação. O excesso de ideologia empurrou o ministério para seção de política. Agora, tomada de assalto por pastores lobistas e prepostos do centrão, a pasta ganhou as páginas policiais.

Não foi por falta de material que a gestão Bolsonaro deixou de inovar na Educação. Em dezembro de 2019, final do primeiro ano do governo, saiu o resultado do Pisa, o programa internacional de avaliação de estudantes. Expôs a raiz do atraso nacional.

Quatro em cada dez alunos brasileiros na faixa dos 15 anos não entendem o que leem, não sabem fazer contas básicas e não compreendem conceitos elementares de ciência. Nenhum país chega a um desastre desse tamanho por acaso.

Fechado em 2018, antes da chegada de Bolsonaro ao Planalto, o teste revelou que, num ranking de 79 países, os alunos brasileiros ficaram nas 20 piores posições em leitura, matemática e ciências. Os indicadores estavam estagnados havia uma década.

O então ministro da Educação, Abram Weintraub, preocupou-se em enfatizar dois pontos. Disse que o Pisa não se referia ao governo Bolsonaro. Declarou que a culpa era 100% do PT e de sua "doutrinação esquerdófila". Faltou esclarecer para onde as teorias direitófilas do novo governo levariam a Educação.

Sob Bolsonaro, vendeu-se a tese segundo a qual os problemas educacionais seriam resolvidos em três lances: a malhação do educador Paulo Freire, o endireitamento de reitores esquerdistas e o banimento do comunismo de gênero das salas de aula. Verificou-se que, no ramo educacional, a ideologia é o caminho mais longo entre um projeto e a sua realização. As propinas pastorais e as licitações superfaturadas mostram que a guerra cultural é movida por um combustível cobiçado por todas as ideoligias: o dinheiro.

A nova rodada do Pisa, a avaliação internacional dos estudantes, deveria ter sido fechada no ano passado. A pandemia adiou o estudo para este ano de 2022. O Brasil aparecerá novamente em posição vexatória. O país se acostumou com o vexame.

Por Josias de Souza

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