terça-feira, 30 de agosto de 2022

Estabilidade na pesquisa Ipec dá a Bolsonaro aparência de fardo de si mesmo



A campanha eleitoral começou há duas semanas. Parece pouco tempo. Mas muita coisa coisa já aconteceu. O Auxílio Brasil mensal de R$ 600 e o vale-gás bimestral de R$ 120 chegaram ao bolso do pobre. Michelle e Janja colocaram seus demônios para brigar. Carluxo e Janones passam diariamente a realidade a sujo nas redes sociais. O horário da novela foi atrasado pela propaganda eleitoral nada gratuita. Os presidenciáveis mostraram a cara para 40 milhões de brasileiros na vitrine do Jornal Nacional. Essa movimentação intensa contrasta com a imobilidade detectada pela mais recente pesquisa presidencial do Ipec (ex-Ibope).

As taxas de intenção de votos atribuídas a Lula (44%) e a Bolsonaro (32%) permaneceram imutáveis desde a divulgação do último levantamento, no dia 15 de agosto. A distância de 12 pontos que separa a dupla se manteve inalterada. Ruim para Lula, cujo favoritismo parece roçar o teto. Péssimo para Bolsonaro, que vai ganhando a incômoda aparência de fardo de si mesmo. O presidente lançou mão de todas as mumunhas populistas que o déficit público pode pagar. E o pretendido mar de rosas não trouxe para sua praia votos na quantidade e na velocidade que seu comitê desejava e que a campanha do rival receava.

Segundo o Ipec Bolsonaro oscilou positivamente de 27% para 29%, dentro da margem de erro, entre os eleitores que recebem algum tipo de beneficio federal. Nesse nicho, Lula se manteve com 52%. O crescimento residual da terceira via alimenta a esperança de Bolsonaro de chegar ao segundo turno. O comitê da reeleição lamenta que o crescimento do presidente seja tão lento. Sem armas novas no paiol, aposta na pancadaria antipetista para colocar Lula na descendente. O petismo não cogita apanhar quieto. Prepara o contra-ataque.

Antes de sonhar com uma ultrapassagem, o staff de Bolsonaro precisaria responder a uma pergunta singela: a intersecção das duas linhas ocorrerá antes ou depois da abertura das urnas? Na quinta-feira sai mais uma rodada do Datafolha. A nova pesquisa registrará os reflexos do debate em que Lula fugiu de uma pergunta sobre corrupção e Bolsonaro cutucou o eleitorado feminino com o pé para ver se as mulheres mordem. Os resultados permitirão visualizar as curvas dos candidatos a 31 dias do primeiro turno.

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