quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Políticos tratam eleitorado como um grande rebanho



Os dois finalistas da corrida presidencial e líderes da política entraram no segundo turno como se ingressassem num túnel do tempo. Caíram numa época qualquer de um passado remoto —um tempo em que massas de eleitores desinformados submetiam-se às vontades de coronéis da política.

Bolsonaro e Lula colecionam apoios no pressuposto de que o eleitorado fará o que seus apoiadores mandarem. Num único dia, Bolsonaro celebrou declarações de apoio de Romeu Zema e Cláudio Castro, governadores reeleitos de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Saboreou a adesão "incondicional" do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, cuja candidatura naufragou nas urnas de domingo.

Simultaneamente, Lula obteve o apoio do PDT de Ciro Gomes e do Cidadania, uma das legendas que se associaram à candidatura de Simone Tebet. Ciro e Simone foram agraciados no primeiro turno com os votos de 8 milhões de eleitores que preferiram afundar agarrados às suas convicções a flutuar na conveniência do voto no favoritismo.

Os coronéis da modernidade fazem política como se o eleitor brasileiro fosse gado confinado num curral hipertrofiado. Agem como se o voto pudesse ser definido num conchavo. As suposições não ornam com os fatos.

Bolsonaro retirou da cartola um Auxilio Brasil de R$ 600. E assistiu ao eleitor pobre votar majoritariamente no seu rival, premiando-o com 6 milhões de votos de dianteira no primeiro turno.

Lula cobiçou os eleitores alheios e viu o voto útil se encaminhar para o cesto de Bolsonaro, empurrando a disputa para o segundo turno. O eleitor oferece evidências de que não é bobo. Só não enxerga quem não quiser.

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